A TRAGÉDIA ALÉM DO CLIMA: FAKE NEWS QUE ACOMETEM O RIO GRANDE DO SUL

  • Author
  • Camila Lampier Lutzke
  • Co-authors
  • Lorrayne Cesario Maria , Maria Angelica Carvalho Andrade , Maria Helena Monteiro de Barros Miotto
  • Abstract
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    APRESENTAÇÃO: A propagação de desinformação tem dificultado a resposta aos impactos das chuvas históricas que assolam o Rio Grande do Sul desde o final de abril de 2024, com consequências para os cuidados de saúde e bem estar. O objetivo deste trabalho é caracterizar as informações falsas que circulam na internet. Essa descrição busca contribuir para a compreensão do efeito das fake news em situações de emergência climática e destacar a necessidade de estratégias eficazes de comunicação e combate à desinformação, principalmente quanto à regulação de redes sociais.

    DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: As fake news registradas entre 29 de abril e 10 de junho de 2020 no site Lupa foram coletadas e classificadas conforme seu conteúdo. A Agência Lupa é um membro verificado da International Fact-checking Network (IFCN). Ela adere aos cinco princípios éticos estabelecidos pela rede de verificadores de fatos e é submetida a auditorias independentes anualmente. Para cada notícia falsa apurada e divulgada pela agência, foram extraídos os seguintes dados: data de circulação, título, canal e formato da divulgação (como texto, foto ou vídeo), e apuração. Cada notícia falsa foi vinculada a categorias, de acordo com seu conteúdo. Uma mesma notícia pode apresentar mais de uma categoria de conteúdo.

    RESULTADOS: Foram identificadas 46 fake News relacionadas às chuvas no Rio Grande do Sul, divulgadas no portal estudado. A primeira apuração foi no dia 03 de maio, dois dias após o decreto de calamidade pública pelo governo do estado, ilustrando a rapidez com que as notícias falsas circulam. A maior parte foi consistia de vídeos (80,43%), mas também foram disseminadas por imagens, textos, áudios e podcasts. A apuração revela que em muitos casos são utilizados vídeos antigos (21,0%) ou de outro local (15,22%) para embasar o boato. Chama a atenção a utilização de inteligência artificial para propagar as desinformações (6,5%), alertando para novas possibilidades de criar notícias inverídicas, com ainda mais facilidade. A categoria de conteúdo mais abordada foi de doações (30,43%), dado preocupante já que pode impactar nos donativos encaminhadas ao estado, prejudicando o cuidado com os atingidos e a reconstrução dos locais destruídos. Em seguida, aparecem as notícias relacionadas a imagens sensacionalistas e resgates (26,0%), destacando-se também políticos (apoio ou oposição a eles), helicópteros e atuação do governo federal, cada uma com 10,87% das notícias falsas. Cabe ressaltar que as primeiras fake News apuradas, nos começo do mês de maio, tratavam principalmente de notícias sensacionalistas sobre a destruição ou as mortes. Com o passar dos dias, nota-se um conteúdo mais voltado à política, especialmente com orientação de direita.

    CONSIDERAÇÕES FINAIS: A tragédia climática das chuvas de 2024 no Rio Grande do Sul destacou a vulnerabilidade das populações à desinformação. É crucial que governos e organizações de socorro desenvolvam estratégias robustas para combater fake news, incluindo campanhas de educação pública, monitoramento de redes sociais, e regulação de plataformas digitais. Além disso, fortalecer a comunicação de risco e promover a alfabetização midiática entre a população pode ajudar a mitigar os efeitos negativos das fraudes informativas em futuras emergências.

  • Keywords
  • Mudança climática, inundações, desinformação
  • Subject Area
  • EIXO 3 – Gestão
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