Introdução: O Sistema Único de Saúde (SUS) acolhe qualquer cidadão que esteja no território nacional, sendo modelo para o mundo. O SUS tem como princípios: Universalidade, Integralidade e Equidade¹. A Atenção Primária à Saúde (APS) do município de Porto Alegre (POA) conta desde 2021, com profissionais intitulados mediadores interculturais (4 profissionais que cobrem todo território municipal), que são contratados por instituições parceiras à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para realizar acompanhamento aos imigrantes haitianos, senegaleses e venezuelanos. Os mediadores são migrantes dos países listados, possuem laços com as comunidades em diáspora e falam português fluentemente. A de POA é organizada através de 17 distritos sanitários (conforme o processo de territorialização),em relação a gestão existe a Coordenação de Políticas Públicas de Saúde (CPPS) da SMS, que é dividida por núcleos, sendo o núcleo de equidade responsável pela área técnica (AT) de saúde do migrante, refugiados e apátridas². O contato da população migrante com os mediadores interculturais acontece através de aplicativo de mensagens para um número oficial da SMS, ligações para AT, bem como solicitações por e-mail. Objetivo:Relatar de forma problematizadora a experiência de profissionais de enfermagem da APS sobre sua vivência com atendimentos à comunidade migrante. Metodologia: Relato de experiência de profissionais de saúde da APS do Município de Porto Alegre acerca da interculturalidade como marcador dos atendimentos de saúde a migrantes, no período de 2021 até o presente momento. Por se tratar de um relato de experiência relacionado ao cotidiano do serviço, este trabalho dispensou a submissão a um Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos. Descrição da experiência: A enfermagem utiliza a ferramenta do acolhimento para ordenar as demandas dos usuários. No processo de atendimento aos usuários imigrantes há peculiaridade, especialmente, daqueles oriundos de países com sistema de saúde diferentes do SUS, o que pode impactar em maiores demandas de saúde, ou chamadas demandas reprimidas. Os processos culturais atravessam a promoção de saúde, o relato dos usuário a respeito de: xenofobia, racismo, barreira linguística e violência institucional, os afastam de exercer plenamente seu direito à saúde, ou seja, são estabelecidas barreiras invisíveis, como, por exemplo, “não venho mais aqui por que me tratam mal”, “o profissional não entendeu o que eu precisava”, “precisei voltar na unidade porque não me entenderam”, “usa o google tradutor para me ajudar”, “me atenderam muito rápido”, somado a essas falas há as barreira tecnológicas como, burocracias para agendamentos via aplicativo. Considerações finais: É necessário mais do que conhecimento técnico-científico para estes atendimentos, é trivial convocar elementos culturais, tendo lucidez sobre processos interculturais, o olhar subjetivo garante a integralidade nos atendimentos de saúde.
Lei 8080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União 1990; set 20. Brasil.
Porto Alegre. Biblioteca Virtual Da Atenção Primária À Saúde De Porto Alegre. Política de Atenção Primária do Município de Porto Alegre - 2022. [acesso em: 10 de junho de 2024]