APRESENTAÇÃO: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa crônica, que persiste como problema de saúde pública global. Mesmo com estratégias de controle consolidadas, ainda causa muitas repercussões físicas, psicológicas e socioeconômicas aos acometidos. Em vista disso, objetivou-se descrever o perfil clínico, epidemiológico e sociodemográfico de casos de hanseníase no estado do Pará. DESENVOLVIMENTO: Realizou-se pesquisa descritiva e retrospectiva, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará, em setembro de 2020. Foram incluídos casos de hanseníase residentes no estado, notificados no período de 2009 a 2018, com grau de incapacidade física (GIF) avaliado no momento do diagnóstico. Exclui-se notificações duplicadas, com informações incompletas ou inconsistentes. Para análise utilizou-se o programa Statistical Package for the Social Sciences, versão 23.0, e calculou-se dois indicadores epidemiológicos definidos pelo Ministério da Saúde do Brasil: taxa de detecção geral de casos novos e proporção de casos novos com GIF 2 no momento do diagnóstico. Obteve-se aprovação por Comitê de Ética em Pesquisa, com parecer nº 4.241.488. RESULTADOS: Na série histórica, foram identificados 19.486 casos de hanseníase, prevalecendo a classificação multibacilar (n=13.198; 67,7%), forma dimorfa (n=9.679; 49,7%), sexo masculino (n=11.826; 60,7%), faixa etária de 30 a 44 anos (n=5.507; 28,3%) e pessoas com ensino fundamental incompleto (n=11.152; 57,2%). As taxas de detecção geral de casos novos e as proporções de casos novos com GIF 2 apresentaram, em todos os anos, parâmetro muito alto e parâmetro médio, respectivamente. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados demonstraram alta endemicidade da hanseníase no Pará ressaltando a necessidade de fortalecer a gestão dos serviços de saúde pública, bem como as ações de educação permanente, controle e vigilância epidemiológica. Entende-se que o fortalecimento dessas ações pode qualificar os profissionais para o adequado manejo, e os grupos sociais, para suspeição orientada, com vistas ao diagnóstico e tratamento oportunos, no intuito de reduzir os indicadores de adoecimento.