Apresentação: O exercício da enfermagem demanda uma base técnica e científica consolidada, sustentada por princípios éticos e humanísticos, visando a uma prática social e política eficaz e transformadora. A educação de nível superior desempenha um papel fundamental ao facilitar o intercâmbio de conhecimentos e experiências, promovendo a criação de estratégias dialógicas para a construção do conhecimento tanto por parte dos professores quanto dos alunos. Isso implica que ambos os grupos assumam responsabilidade pelo processo de ensino e aprendizagem, desenvolvendo habilidades necessárias para a construção conjunta desse conhecimento. No âmbito desse processo formativo, destaca-se a importância da monitoria acadêmica, concebida como uma ferramenta pedagógica que proporciona ao aluno-monitor e ao aluno assistido a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos, aprimorar habilidades teórico-práticas e esclarecer dúvidas, visando corrigir lacunas inerentes a uma determinada área de estudo. Ao facilitar a integração entre teoria e prática, a monitoria cria um ambiente propício para o questionamento e revisão de conteúdos, técnicas e procedimentos, alinhando-se com os objetivos educacionais estabelecidos pelo curso de graduação. A regulamentação da monitoria acadêmica teve seu marco inicial na Lei nº 5.540/1968, que estabeleceu as diretrizes para o ensino superior em conjunto com a educação média. Posteriormente, em 1996, essa legislação foi reafirmada pela Lei nº 9.394/96, a qual delineou as bases da educação nacional. Esta última legislação destacou as atividades de ensino e pesquisa como fundamentais para o desenvolvimento humano e acadêmico dos estudantes universitários em todo o país. Conforme estabelecido pela Resolução Nº 2808, datada de 18 de março de 2015, pelo Conselho Superior Universitário (CONSUN) da Universidade do Estado do Pará (UEPA), o programa de monitoria tem como principal objetivo promover o envolvimento dos alunos de graduação na vida acadêmica, através da realização de atividades supervisionadas de ensino. Além disso, visa contribuir para o desenvolvimento profissional dos estudantes-monitores, proporcionando-lhes a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos teóricos e/ou práticos em disciplinas de seu interesse, bem como aprimorar suas habilidades de docência. Assim, a disciplina Enfermagem Comunitária I é essencial para a formação e capacitação dos enfermeiros. Por meio desta disciplina, os discentes buscam a compreensão da saúde comunitária como campo de atuação do enfermeiro, visando executar princípios educativos e procedimentos simples de intervenção relacionados com os diferentes agravos à saúde. Este estudo tem como objetivo descrever as contribuições da monitoria de Enfermagem Comunitária I na formação acadêmica de estudantes de enfermagem. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado em uma Instituição de Ensino Superior no município de Santarém-Pará, no período de agosto de 2023 a janeiro de 2024. O ingresso na monitoria deu-se por meio da realização de um processo seletivo, onde o acadêmico foi submetido a uma prova teórica, destinada a vaga de monitor da unidade curricular Enfermagem Comunitária I. Após a aprovação, o monitor iniciou as atividades sob a orientação e supervisão do docente responsável pela unidade curricular. As monitorias da disciplina ocorreram no complexo laboratorial para as atividades práticas e em sala de aula para as teóricas, com uma carga horária de 60 horas mensais e 15 horas semanais obrigatórias. O monitor de Enfermagem Comunitária I foi responsável pelo cumprimento dessas atividades sob a orientação do professor responsável. As atividades desenvolvidas pelo monitor baseiam-se em auxiliar o professor em aulas teóricas e práticas, oferecer monitorias para os alunos, produzir materiais didáticos, e auxiliar os alunos em suas atividades. Para isso, o monitor buscou conhecimentos científicos por meio de estudos bibliográficos, visando contemplar o estudo dos conteúdos de Enfermagem Comunitária em sua totalidade. Como recursos metodológicos para a realização destas atividades, foram utilizadas produções de materiais visuais, exercícios sobre os assuntos da disciplina, roteiros práticos sobre os temas estudados, discussão de casos clínicos em pacientes da atenção primária, implantação da gamificação, utilização de tecnologias educacionais digitais (TED), livros, vivências práticas em laboratório, e a realização de simulados antes das provas para verificação da aprendizagem da unidade curricular. Resultados: Durante as vivências práticas na monitoria, foi possível notar o quão importante elas eram para os discentes, uma vez que a partir das metodologias empregadas durante as aulas, observou-se que os alunos tiveram a oportunidade de aplicar o que aprenderam em situações reais, discutir casos clínicos e participar de discussões. Dentre as contribuições desta atividade para a formação acadêmica dos estudantes de enfermagem na disciplina de Enfermagem Comunitária I, observaram-se os seguintes resultados: facilitou o processo de ensino-aprendizagem dos alunos do curso enfermagem na disciplina, proporcionou aos alunos-monitores uma experiência prática em docência, ajudou na intermediação entre os alunos de enfermagem e o corpo docente da disciplina de Enfermagem Comunitária, e possibilitou aos estudantes uma formação de maior qualidade nessa área, preparando-os para atuarem como profissionais na atenção primária em saúde (APS) no futuro. O papel do monitor no processo de aprendizagem em Enfermagem Comunitária I nos cursos superiores, destaca-se devido a sua importância e relevância, pois durante a disciplina os alunos apresentam várias dificuldades relacionadas ao aprendizado na APS e ao participarem da monitoria, eles têm a oportunidade de vivenciar a experiência de estudar e aprofundar seus conhecimentos nessa área, através de atividades teóricas e práticas, permitindo-lhes compreender detalhadamente os conteúdos estudados em Enfermagem Comunitária I, como Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), Rede de Atenção Básica (RAS), Sistema de Informação na Atenção Básica (E-SUS), Prontuário eletrônico, doença diarreica aguda (DDA), parasitoses intestinais, da pele e do couro cabeludo, entre outros conteúdos. Considerando também o papel do aluno-monitor de orientar, esclarecer e facilitar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos, através da monitoria e da troca de experiências anteriores na disciplina, o monitor adquiriu experiência em docência durante sua formação acadêmica e contribuiu para a mediação entre os alunos de enfermagem e o professor da disciplina. Esta matéria busca a compreensão da complexidade em atuar de forma eficaz e ética na promoção da saúde, prevenção de doenças e no cuidado à comunidade. Seu foco está na compreensão das necessidades de saúde das populações, no desenvolvimento de estratégias de intervenção comunitária, na promoção da participação ativa da comunidade em sua própria saúde e na promoção de ambientes saudáveis. Além disso, busca preparar os estudantes para trabalharem de forma interdisciplinar, colaborativa e culturalmente sensível, visando o bem-estar e a qualidade de vida das comunidades atendidas. Considerações finais: É fundamental enfatizar as contribuições e a importância da monitoria em Enfermagem Comunitária I, tanto para os estudantes quanto para o aluno-monitor, assim como para o professor responsável pela disciplina. Uma vez que a monitoria proporciona uma vivência ímpar para todos os envolvidos nesse processo, em especial para o aluno-monitor que pode inicialmente experienciar e ser despertado para uma futura carreira docente. Nesse viés, é recomendável e significativo promover e estimular a participação do aluno e do aluno-monitor no âmbito da monitoria. As instituições de ensino superior, exercem um papel importante nesse processo, é preciso que os cursos de graduação especialmente os da área da saúde, voltados para a formação em enfermagem, estejam atentos para essa atividade acadêmica, que se revela cada vez mais essencial no processo de formação dos estudantes.