Ação de combate à Tuberculose: um relato de experiência de uma ação extramuro realizada em Porto Alegre, RS
A tuberculose (TB) ainda é um grande problema de saúde pública e vem preocupando autoridades da área da saúde. Embora a taxa de incidência venha diminuindo em comparação aos anos de 2020 a 2022, a mortalidade ainda é muito alta, principalmente nos casos de coinfecção tuberculose/HIV. A tuberculose está diretamente relacionada a determinantes sociais, fato que exige intervenções na redução da vulnerabilidade em saúde da população. O Brasil integra a lista de 30 países com maior número de casos de TB e de casos de coinfecção TB-HIV. E em 2015 concentrava 1 ? 3 (cerca de 10.533 casos) de todos os casos da região das Américas (31.600). Visando a conscientização da população em situação de rua sobre sinais e sintomas de TB, foi realizada uma ação extramuros no dia alusivo ao combate à tuberculose, organizada por equipes multidisciplinares do SAE (Serviço de Atendimento Especializado) Santa Marta e CRTB (Centro de referência ao tratamento à tuberculose) Santa Marta, em conjunto com o CnR (Consultório na Rua), AHA (A Hora é Agora) e AHF (AIDS Healthcare Foundation). Este resumo trata-se de um relato de experiência da ação que ocorreu embaixo do viaduto da Conceição no Centro de Porto Alegre em 20 de março de 2024. Durante a ação, cada serviço ficou responsável por uma atividade: o SAE e o CRTB realizaram a coleta de escarro e conscientização sobre sinais e sintomas; a AHF e a AHA realizaram abordagens sociais e distribuição de insumos de prevenção; e o CnR realizou a testagem rápida para ISTs (HIV, sífilis, hepatite B e C). Todos os usuários passaram por acolhimento pela equipe de enfermagem e após o atendimento com as equipes receberam lanches. Foram abordadas cerca de 30 pessoas em situação de rua, mas apenas 21 realizaram a coleta de escarro, sendo 18 homens e 3 mulheres, com faixa etária entre 24 e 65 anos. Durante a ação, houve o diagnóstico inicial de um usuário para HIV. Após o envio dos escarros para análise, foram diagnosticados dois usuários com tuberculose, um dos quais já tinha o diagnóstico prévio de HIV. O usuário diagnosticado com HIV e um dos usuários diagnosticados com tuberculose foram vinculados ao SAE para iniciar o tratamento e realizar acompanhamento. O outro usuário não foi localizado após a ação para dar seguimento ao tratamento de tuberculose. Esta ação, além de diagnosticar novos casos de tuberculose, também viabilizou a busca ativa e retenção de dois usuários que já estavam em tratamento para tuberculose, mas que se encontravam em atraso com as retiradas de medicamentos e ausentes nas consultas mensais. Ações extramuros com populações vulneráveis se fazem necessárias, uma vez que esses usuários apresentam mais dificuldades em acessar os sistemas de saúde, permitindo-nos vivenciar a realidade dos usuários e intervir de forma individualizada, promovendo assim a equidade em saúde.