Os saberes tradicionais das coletividades apresentam-se de diferentes formas e conexões com a natureza, o espaço, o território e a vida. Considera-se o território como espaço para além do cenário, em uma dialética com aquilo que se constrói no social, nas relações e ações. Para tanto, tem-se como objetivo refletir sobre o território enquanto dispositivo para o cuidado em saúde, com base nas especificidades que apresenta para que a promoção de saúde seja possível. Os espaços de cuidado são produzidos no território muito mais do que o espaço do território geográfico, é aquilo que produz impacto na vida das pessoas enquanto possibilidade de transcender, dar continência as questões da vida. São os territórios que constituem subjetividades e linguagens, como forma de pertencimento ao lugar, bem como estabelecem vínculos e modos de andar a vida. Faz-se necessário olhar para o território como subjetividade, um lugar de histórias e respeito pelo que é do outro, que diz respeito a outras realidades. Diz respeito também a conexão com a palavra, no sentido de construir outras formas de falar, se apresentar e estar no mundo. Escutar para além da palavra: uma escuta da realidade, onde se produz algo junto em contato e relação com o outro. É o saber relacional que coloca as estratégias de cuidado e isso vai influenciar no decorrer de todo o processo. Sobretudo, o cuidado se estabelece enquanto prática de vida, respeito aos saberes tradicionais, política de vida, produção de saúde e no quanto podemos nos apropriar de nós mesmos (enquanto território) através da escrita, da voz, do corpo, de ser e existir no mundo. Vivenciar outros aspectos da vida, da cultura, da sociedade – isso enriquece, nos faz pessoas melhores e a formação não está dissociada disso, a troca de conhecimentos e saberes que proporciona tais momentos, onde tudo se conecta. Há possibilidade de descobrir e se aventurar em novos jeitos de formação como um meio para pensar a cultura e a diversidade cultural. Assim como, produzir um conhecimento interligado com outras áreas, culturas, conectar coisas diferentes, no sentido de desver as palavras, nosso cotidiano e os modos de vida para ver coisas novas, para produzir novos olhares para e com o mundo.