Apresentação: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aleitamento materno e suas nuances ainda apresentam-se como desafios em vários países do mundo, de modo que uma nação só pode ser considerada parcialmente adequada ou boa, em termos de Aleitamento Materno Exclusivo (AME), se pelo menos 50% das crianças na faixa etária de zero a seis meses estejam exclusivamente no seio materno. Na mesma perspectiva, faz-se necessário que 90% ou mais das crianças na faixa etária mencionada estejam em AME para que determinado país seja considerado adequado ou muito bom quando analisado em termos de amamentação. Isto posto, revela-se que alcançar tais percentuais é um desafio a nível global, pois, mesmo em países desenvolvido o ato de amamentar sofre influências de vários setores da sociedade que acabam por fazer com que muitas mães desistam da implementação do aleitamento materno, e, outras, acabam declinando dessa prática antes do sexto mês de vida da criança, incrementando alimentação complementar. Já são bem consolidados na literatura os benefícios do aleitamento materno para toda a sociedade, a começar pelo neonato, perpassando por toda rede de apoio familiar, até a redução da degradação ambiental que é gerada para a fabricação de leite industrializado. Em 2014 um estudo inédito proveniente de uma coorte brasileira mostrou evidências de que crianças que foram alimentadas exclusivamente até o seio materno até o sexto mês de vida, apresentaram um Quociente Intelectual (QI) mais elevado aos 30 anos, em comparação com aqueles que não mantiveram o AME até o sexto mês de vida. Como já mencionado são inúmeros os fatores que determinam a forma como a mulher vai alimentar seu recém-nascido, de modo que essa escolha acontece já durante o pré-natal e consolida-se no momento do parto, até a alta hospitalar. De maneira geral, esses fatores podem sem considerados como modificáveis e não-modificáveis. Entre os modificáveis, encontra-se a confiança da mãe na sua capacidade de iniciar e manter o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida da criança, acarretando em baixas taxas de AME no Brasil. Desse modo, faz-se fundamental que profissionais de saúde de saúde, especialmente os de enfermagem, que assistem mais de perto essa mulher no ciclo gravídico puerperal, possam trabalhar ações educativo-assistências que possam desmistificar o aleitamento materno como prática não adequada ou dolorosa, consolidando junto à mãe a sua autoeficácia (confiança) para este ato. Para isso, faz-se necessário que tais profissionais possam conhecer os conceitos de autoeficácia e seus desdobramentos para o aleitamento materno. Assim, este estudo tem por objetivo dissertar acerca das experiências de educação permanente em saúde com profissionais de enfermagem sobre o conceito de autoeficácia para amamentação em uma maternidade pública Municipal situada em Manaus. Relato da Experiência: As ações foram precedidas de exaustiva leitura da Teoria Social Cognitiva (TSG), obra do psicólogo canadense Albert Bandura, que a partir dessa, desenvolveu a Teoria e o Constructo da Autoeficácia. Esta teoria versa sobre a crença ser humano na sua capacidade para realizar determinada ação com sucesso, e portanto, suas crenças podem afetar suas escolhas de vida em sociedade, tanto do ponto de vista pessoal, como profissional. Além disso, as ações educativas que resultaram na descrição desta experiência estão à luz da Portaria 198 de 2004 do Ministério da Saúde que traz os objetivos e diretrizes da Educação Permanente em Saúde (EPS) a qual se faz no cotidiano dos processos de trabalho dos indivíduos, de modo que o processo de ensino aprendizagem aconteça de forma significativa, para então acontecer a incorporação de tais práticas nos cotidiano dos indivíduos. As ações ocorreram nos meses de abril, maio e junho de 2023. Durante os plantões, fora protegido um intervalo de 40 minutos nos quais parte da equipe de enfermagem era reunida no posto, em grupo não superior a 5 pessoas. A metodologia de ensino-aprendizagem utilizada para trabalhar o conceito de autoeficácia foi a metodologia da problematização, por meio do Arco de Maguerez, em suas cinco etapas. Na primeira etapa observação da realidade, foi trazido o fato de muitas mães terem dificuldades no processo de início do aleitamento e que, por não terem suporte adequado, rapidamente é prescrito fórmula láctea e na alta, o binômio não recebe as devidas orientações sobre a importância de manter o AME por pelo menos seis meses. A partir dessa reflexão, seguiu-se à segunda etapa, pontos chaves, onde foram elencados os vários problemas e seus desdobramentos para a saúde da mãe e da criança. Dentre estes, extraiu-se a confiança da mãe na sua capacidade de amamentar com sucesso seu recém-nascido. Na terceira etapa, teorização, foi explanado por meio de um infográfico sobre os conceitos de autoeficácia, autoeficácia e amamentação, expectativa de resultados e expectativa de autoeficácia, e como esses conceitos se entrecruzam para a qualificação do processo de trabalho da equipe de enfermagem. Na quarta etapa, hipótese de solução, foi pensado um roteiro para melhorar as condutas dos profissionais de enfermagem diante de uma situação que remeta a algum problema na confiança da mãe para o estabelecimento e permanência do neonato em AME, assim como, para a qualificação das orientações a serem dadas no sumário da alta obstétrica e neonatal. Na quinta etapa, aplicação à realidade, foi pactuado a implementação dos apontamentos do roteiro nos processos de trabalho. Cabe ressaltar que cada etapa foi desenvolvida em dias distintos. Efeitos percebidos decorrentes da experiência: Após algumas semanas de implementação dos apontamentos discutidos, foi possível perceber uma redução no número de neonatos em uso de fórmula, maior resolutividade dos problemas relacionados à pega do seio pelo lactente, sumário de alta com mais anotações sobre as orientações acerca dos benefícios do AME e como a nutriz pode contornar possíveis problemas que possam surgir, sem que seja preciso implementar outro tipo de alimento para o filho. Consideração Finais: O presente estudo cumpriu com seu objetivo, pois, o conceito de autoeficácia para a amamentação foi desenvolvido entre os profissionais de enfermagem de maneira que pudesse ser assimilado pelos mesmos, em um processo de ensino-aprendizagem que permitiu a construção de competências por meio da metodologia da problematização. Assim, foi possível estabelecer a educação permanente em saúde, com as devidas melhorias no processo de trabalho para a qualificação do cuidado materno infantil no contexto onde as ações foram realizadas.