O projeto de intervenção “Participação social e as iniciativas de produção de saúde e
de vida no território” representa uma tentativa de compromisso profundo com a comunidade
acadêmica do IFRS Câmpus Alvorada (alunos, professores, servidores e as famílias dos
mesmos) junto aos moradores dos bairros adjacentes. Através de uma metodologia que se
fundamenta na diversidade de atividades, incluindo oficinas, cursos, dinâmicas em grupos e
rodas de conversa, iremos nos envolver não apenas com as trocas de conhecimentos e
acesso aos materiais do Campus, mas também com a construção de um vínculo duradouro
que siga por muitos anos presente.
Este projeto abrange diversas áreas, como meio ambiente, alimentação, saúde
mental, cultura e arte. Pretende-se iniciar com eventos atrativos para atrair a participação
das pessoas, indo uma primeira vez até o Campus. Após, é essencial manter uma
comunicação constante, faremos isso por meio de panfletos impressos e digitais. Neste
sentido, foi pensada uma abordagem prática, onde serão entregues semanalmente panfletos
como um “mini jornal” com informações importantes que serão escolhidas pelos próprios
moradores. Poderemos sugerir ideias mas o objetivo inicial é que eles tragam suas dúvidas
e reflexões. Este material impresso será entregue quinzenalmente nas casas próximas ao
IFRS.
Em resumo, este projeto tem como objetivo ir além do papel tradicional da academia,
estabelecendo um diálogo genuíno e colaborativo com a comunidade, buscando juntos
soluções criativas e sustentáveis para os desafios locais, assim como trazendo também
reflexões sobre o mundo em que vivemos, assim, construímos um ambiente mais saudável,
inclusivo e participativo para todos. A metodologia escolhida para este projeto é
fundamentada na diversidade de ações e na participação ativa da comunidade, não visando
uma abordagem assistencialista com objetivo único de sanar as problemáticas locais, mas
também somando na luta política e ideológica, visando uma transformação social, trazendo
então alguns temas para debate como racismo, machismo, homofobia, capacitismo,
etarismo, luta de classes e outros. Aqui miramos uma abordagem educacional popular,
negando uma lógica conservadora de educação onde temos o “aluno” como um indivíduo
sem conhecimento (no latim ‘aluno’ significa sem luz, ausente de conhecimento). A
abordagem é pensada de outra maneira, levando as discussões de Paulo Freire (Pedagogia
do Oprimido, 1987.) e Carlos Rodrigues Brandão (O Que É Educação Popular, 1984.) em
consideração, onde as experiências e conhecimentos prévios de todos indivíduos são
reconhecidos e valorizados, neste sentido, todos passamos a ser agentes ativos na
construção do conhecimento, é um processo colaborativo que promove autonomia e
estimula o senso crítico visando a transformação social e/ou emancipação.
Para executar efetivamente todas as atividades, é essencial contar com pessoas
diversas, envolvendo professores e alunos do câmpus Alvorada e de outros campi do IFRS,
além de trabalhadores que estejam dispostos a contribuir e sejam das áreas dos temas
propostos. Essa abordagem integrada e participativa busca não apenas a troca de
conhecimento, mas também fortalecer os laços sociais, promovendo uma transformação
positiva na comunidade de Alvorada.
Visto que o projeto tem como grande objetivo a transformação social daquela região,
é interessante trazer alguns dados que evidenciam a necessidade e a relevância do projeto
de intervenção. De acordo com dados da Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande
do Sul, Alvorada é um município localizado no Rio Grande do Sul, em 2021 tinha uma
população total de 195.673 habitantes e possui uma área de 71 km2. Ainda se baseando nos
dados da Secretaria de Educação do Estado, a principal atividade econômica do município,
considerando o Produto Interno Bruto (PIB), é o setor de serviços, simbolizando 81%,
seguido pela indústria, que corresponde a 19%. Conforme dados do IBGE e SEBRAE, foi
registrado em 2021 um total de 17.243 trabalhadores cadastrados e foi possível ver um
aumento significativo de 5,51% em comparação ao ano anterior. Os setores econômicos que
mais têm trabalhadores são o Comércio Varejista, com 4.194 empregados, seguido pela
Administração Pública, Defesa e Seguridade Social, com 3.463, e o Transporte Terrestre
com 1.468 empregados.
Segundo a Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, a cidade possui
17 escolas estaduais, 27 municipais e 31 particulares, que acomodam 48.497 alunos. Ao
falarmos na população com idade superior a 10 anos, temos um total de 164.341 habitantes,
sendo 158.249 deles alfabetizados, o que representa 96,29%. O restante, 6.092 pessoas,
não possui alfabetização. Na faixa etária de 4 e 5 anos a taxa de escolarização é de 12%, já
de 6 a 14 anos a escolarização é de 98%. No que diz respeito aos jovens de 15 a 17 anos, a
taxa de escolarização é de 79%, sendo 39% que frequentam o Ensino Médio. O município
apresenta taxas de reprovação e abandono no Ensino Médio de 24,5%. Conforme os
registros do SEBRAE, a nota geral do ENEM na cidade é também um dado alarmante, onde
foi registrada uma queda de aproximadamente 38,83% do ano de 2018 ate 2022. Em 2018 a
nota média era de 528 pontos e em 2022 caiu para 323 pontos.
Ainda analisando os dados do SEBREAE, ao conferir o perfil educacional dos
trabalhadores em 2021 observa-se que 9,11 mil possuem ensino médio completo, enquanto
apenas 2,97 mil possuem ensino superior completo, assim como, apenas 32 indivíduos
possuíam formação em nível de mestrado. No ano de 2021 as áreas de estudo com mais
alunos graduados na cidade foram Negócios e Administração com 250 alunos, Educação,
com 108 alunos e Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) com 12
alunos. Já o número de alunos inscritos no ensino superior em 2021 em Alvorada foi de
4,154 e as áreas mais escolhidas foram Negócios e Administração com 1,968 alunos,
Educação com 785 alunos e Saúde com 616 alunos.
O município, assim como muitos outros, enfrenta desafios significativos também em
sua saúde pública, refletidos nos dados de morbidade e óbitos que revelam a complexidade
dos problemas enfrentados pela comunidade. Os dados são do IBGE do ano de 2018, um
período anterior à pandemia de Covid. Eles indicam um cenário que vai desde questões
nutricionais até transtornos mentais, destacando a urgência de abordagens preventivas na
promoção da saúde. Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas resultaram em 91
mortes, ressaltando a importância de abordagens preventivas na promoção da saúde
nutricional. Os transtornos mentais e comportamentais levaram 21 pessoas a óbito,
evidenciando a necessidade de iniciativas de conscientização e suporte para a saúde
mental. As mortes por doenças do sistema nervoso somaram 71 casos, e as mortes por
doenças do sistema respiratório totalizaram 191 casos, assim como os óbitos por doenças
do sistema digestivo somaram 67 casos. Esses dados apontam para a urgência de
estratégias específicas de prevenção e tratamento.