Apresentação: O acesso ao direito à saúde aos povos originários é um desafio histórico no Brasil. A Política Nacional de Atenção à Saúde da População Indígena é uma conquista da luta desses povos junto ao Sistema Único de Saúde (SUS). Articulado com a implementação desta Política junto às comunidades indígenas, com a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), o Hospital São Vicente de Paulo e com a formação de profissionais médicos foi criado o ambulatório indígena na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Passo Fundo. Essa estrutura, composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e colaboradores indígenas, opera diariamente no cuidado e assistência à saúde das pessoas indígenas encaminhadas pelo SUS para o atendimento especializado. Além disso, proporciona aos alunos do curso de medicina da UFFS a integração entre teoria e prática. O propósito fundamental deste trabalho é enfatizar a significância da implementação desse sistema na democratização do acesso à saúde e seu impacto positivo no ensino universitário. Desenvolvimento do trabalho: Historicamente, os povos indígenas têm sido negligenciados no que diz respeito ao acolhimento sócio cultural no cuidado à saúde. Para dar conta desse desafio, a partir de 2021, através de um Projeto de Extensão da UFFS em parceria com o Hospital São Vicente de Paulo e a SESAI, as necessidades dessa população vêm sendo reconhecidas através da implementação do ambulatório indígena visando atender essas comunidades e preservar suas tradições. Nesse sentido, o ambulatório proporciona assistência à saúde, a partir dos encaminhamentos realizados pelo SUS, cuidando, tratando os casos de adoecimento, realizando o mapeamento do perfil desses usuários e articulado ao ensino e à pesquisa. Resultados: As consultas realizadas até o momento evidenciam a quebra de uma barreira entre a cultura indígena e o acesso à saúde, compreendendo, até mesmo, os indígenas não falantes da língua portuguesa, através da tradução da língua guarani e kaingang por profissional indígena que atua neste ambulatório. A existência desse ambulatório e sua disponibilidade para estudantes têm contribuído para uma formação mais humanizada de médicos(as). Ao longo de sua formação acadêmica, eles se veem mais preparados para acolher as diversas culturas, graças à conexão entre teoria e prática proporcionada por essa experiência. Além disso, esse ambulatório representa um avanço no reconhecimento e na valorização da existência dessa etnia, sendo um espaço não apenas de acesso à saúde, mas também de representatividade. Considerações finais: A construção desse ambulatório e a alta demanda por seus serviços possibilitam o desenvolvimento de um pensamento crítico, e a efetivação dos princípios do SUS, como a universalidade, a equidade e a integralidade. Nesse contexto, urge a necessidade de investimento em planejamento estrutural, que vise democratizar o acesso à saúde e promover mais unidades que atendam aos indígenas, garantindo, assim, um sistema de saúde que acolha os povos originários e os seus modos de vida.