Apresentação: Transtorno mental é definido como uma combinação de emoções, percepções, pensamentos e comportamentos anormais que podem interferir na vida cotidiana de um indivíduo. A incidência de transtornos mentais corresponde a 13% das doenças que afetam a população, o equivalente a 700 milhões de indivíduos acometidos no mundo. As condições de trabalho são determinantes cruciais na relação saúde-doença, podendo desencadear intenso desgaste físico, mental e, por conseguinte, ocasionar o adoecimento ocupacional, sobretudo por transtornos psicossociais. Os profissionais da saúde sofrem com o desgaste de suas atividades, uma vez que trabalham com cargas horárias exaustivas e situações causadoras de estresse ocupacional. Neste aspecto, o profissional enfermeiro, que possui diversas formações e contribui no cuidado ao usuário, exercendo ações de planejamento, direção, organização, coordenação e supervisão, é também suscetível a agravos relacionados à saúde mental, como Síndrome de Burnout, Transtorno Mental Comum, depressão, e dentre outros. Assim, alcançar e manter a saúde ocupacional dos trabalhadores de enfermagem, de maneira adequada, se torna um desafio, pois as condições laborais podem levar a níveis elevados de estresse, acarretando transtornos mentais comuns e prejudicando o desempenho desses profissionais nos seus ambientes de trabalho. No Brasil, os técnicos de enfermagem representaram a maioria dos casos de adoecimento mental, com 454 (19,41%) dos casos, na quarta posição o enfermeiro, com 240 (10,26%). Os transtornos mentais impactam significativamente na qualidade da gestão e assistência em saúde. Em um Hospital Universitário, localizado em Teresina, Piauí, os episódios depressivos representaram a maior parte de absenteísmo de trabalhadores de enfermagem com 24,1%, seguido do transtorno misto ansioso e depressivo com 19,8% e ansiedade generalizada com 12,9%. Nesse sentido, a Política Nacional de Humanização (PNH) ressalta que a humanização da atenção da saúde está indissociável do bem-estar das equipes e que o ambiente institucional deve ser promotor de saúde, tanto para o paciente, quanto para o profissional. Por conseguinte, a elaboração de ações de educação em saúde e educação continuada, que ofereçam suporte psicossocial e evidenciem a importância de priorizar o cuidado com a saúde física e mental, é essencial para melhorar a qualidade de vida desses trabalhadores. Portanto, o presente trabalho tem o objetivo de relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem sobre realização de uma ação educativa, para a promoção do bem-estar da saúde mental de trabalhadores de enfermagem em um hospital geral situado em altamira, no estado do Pará. Descrição da Experiência: A ação educativa ocorreu no dia 30 de novembro de 2023, no auditório do Hospital Geral de Altamira (HGA), no estado do Pará e foi promovido pelos acadêmicos do curso de Enfermagem, da Universidade Estadual do Pará (UEPA), um encontro com cerca de 20 profissionais da saúde para tratar sobre o projeto “Humaniza Colaboradores”, desenvolvido com o objetivo de promover um momento de humanização aos trabalhadores da saúde. O encontro teve a participação da psicóloga do hospital, bem como da professora responsável pelo projeto, a qual atua como servidora no HGA. No primeiro momento foi realizada uma breve exposição sobre a saúde mental, cenários no brasil e no mundo, os agravos mentais mais prevalentes em profissionais de enfermagem, seus desdobramentos para os processos de trabalho e, bem-estar mental e sua importância dentro do ambiente de trabalho, elencando pontos voltados para o trabalhador como protagonista de seu cuidado, e fatores que podem se desencadear a partir de situações vivenciadas na rotina de trabalho. Em seguida, deu-se início a dinâmica, denominada “Âncora das Emoções”, a qual os trabalhadores foram induzidos a descreverem em postite seus sentimentos naquele momento, por meio de palavras, frases ou desenhos, logo após foi levantado ao grupo o estado emocional que desejavam ancorar (coragem, motivação, calma, determinação), então, todos escreveram em novos postite mensagens motivadoras e de apoio, sendo estas colocadas em formatos de coração na parede. Após a dinâmica, foi realizado um momento de ações sobre autocuidado, por meio de técnicas de relaxamento, automassagem e alongamentos, para serem realizadas no decorrer do trabalho ou nas horas de descanso. Para finalizar o encontro, foi realizado um sorteio de brindes, com o intuito de proporcionar um momento de descontração e interação entre os estudantes e os profissionais. Efeitos percebidos decorrentes da experiência: Os postites da dinâmica “Âncora das Emoções” revelaram uma diversidade de sentimentos, incluindo cansaço, gratidão, felicidade, sensação de injustiça, desejo de férias, paz, entre outros. Observamos o estado emocional dos colaboradores da instituição, que está relacionado à sobrecarga de trabalho. Muitos deles precisam conciliar responsabilidades familiares e domésticas, o que frequentemente resulta em esgotamento emocional. Muitos profissionais relataram que, ao final do dia, a exaustão é tão grande que não conseguem dedicar tempo a atividades que promovam o bem-estar, como exercícios físicos, hobbies ou simplesmente momentos de relaxamento, criando um ciclo vicioso de esgotamento, onde a falta de autocuidado compromete a capacidade de enfrentar os desafios do dia a dia, tanto no ambiente de trabalho quanto fora dele. Entretanto, apesar do cansaço, os profissionais mantinham um forte senso de orgulho em relação às suas funções e ao seu papel no hospital. Durante a realização das técnicas de relaxamento, automassagem e alongamentos, notamos que alguns colaboradores apresentavam encurtamento muscular e limitações de movimento, como dificuldade em realizar simples flexões e extensões das mãos, rotação e lateralização do pescoço, entre outros, além de relatarem dores. Ao término da sessão, muitos colaboradores já se sentiam bem melhor e perceberam a importância de reservar momentos como esse em sua rotina diária. Considerações Finais: A implementação do projeto "Humaniza Colaboradores" no HGA demonstrou ser uma iniciativa essencial para a promoção do bem-estar e da humanização dos profissionais de saúde. Ao longo do encontro, os participantes tiveram a oportunidade de expressar seus sentimentos e preocupações, o que revelou uma gama de emoções que vão desde o cansaço e a sensação de injustiça até a gratidão e a felicidade. Esse espaço de expressão permitiu um melhor entendimento das necessidades emocionais e psicológicas dos colaboradores. O projeto é vital para o HGA, e seu impacto positivo sugere a continuidade e expansão de ações similares, visando sempre a melhoria da qualidade de vida dos profissionais e, consequentemente, a excelência no cuidado aos pacientes.
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