Apresentação: As Conferências Nacionais de Saúde (CNS), importante instrumento para construção de políticas de saúde democráticas, resultante da crescente participação da sociedade civil no decorrer do anos, teve seu marco inicial há 70 anos, operando o ordenado pelo artigo 90 da Lei n° 378/1937 que dispõe sobre a nova organização ao Ministério da Educação e Saúde Pública. Ademais, preceitua papel fundamental na legitimidade da Reforma Sanitária e na criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, ampliando o conceito de Saúde. Somado a isso, é circundada por características democratas, sendo considerada fóruns beneficiados para articulação entre diferentes povos, culturas, costumes e necessidades de saúde distintas, assegurando, dessa forma, as diversas maneiras de pensar o SUS. As Leis Orgânicas de Saúde (n° 8.080/1990 e n° 8.142/1990) tornaram-se responsáveis por designar as conferências de saúde como instâncias colegiadas do SUS e de assegurar a universalidade do direito à saúde e, como marco fundamental, a participação da comunidade na gestão do SUS. Nesse contexto, as conferências atuam de forma a tornar as necessidades dos diferentes povos, em face das instituições políticas formais, mais visíveis, garantindo seus interesses por meio da formulação de políticas públicas direcionada a tais insuficiências. Diante dessa perspectiva, as universidades, regadas por ações de ensino, pesquisa e extensão, concedem meios de controle social por possibilitar espaços para capacitar de forma ampla seus usuários. Assim sendo, o ensino superior não agrega apenas conhecimentos teóricos e científicos, mas viabiliza um processo de ensino-aprendizagem de modo ativo e lúdico por meio de metodologias que fogem do modelo tradicional que tem por objetivo não só formar um profissional crítico reflexivo, mas sobretudo um cidadão defensor do SUS. Com base nisso, destaca-se o plano de monitoria “Ensino-aprendizagem das políticas de saúde da realidade brasileira: o uso de inovação para o alcance de melhores resultados das competências e habilidades” da disciplina Introdução às políticas de saúde no Brasil, do Departamento de Enfermagem (DENF), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A monitoria permitiu a participação dos monitores, como comissão organizadora, na décima Conferência Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte (CESRN). Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem no processo de ensino-aprendizagem sobre as conferências de saúde, utilizando um App móvel como ferramenta simulada em sala de aula. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo de relato experiência, desenvolvido pelos monitores da disciplina “Introdução às Políticas de Saúde no Brasil”, do Curso de Graduação em Enfermagem, da UFRN, durante a CESRN e um posterior momento de troca de vivências no âmbito educacional. Para a propagação da experiência, foi requisitado, anteriormente pelos monitores, aos estudantes da disciplina que respondessem um formulário no Google Forms intitulado: “O DENF que temos, o DENF que queremos - Amanhã vai ser outro dia”, pensando em sugestões de propostas para a melhoria do Departamento de Enfermagem, frequentado por eles. Em um momento presencial, foi apresentado uma aula expositiva dialogada, ministrada pelos monitores, do conteúdo intitulado “SUS: controle social”. Em seguida, com o intuito de promover autonomia e um olhar mais ativo dos estudantes sobre essa temática, vislumbrando tanto sua organização quanto um momento reflexivo, foi realizada uma dinâmica com a utilização de um aplicativo móvel chamado Pollscape, que permite criar enquetes de votação sobre os mais variados temas. Dessa forma, através das propostas exigidas previamente ocorreu a simulação de uma conferência de saúde dentro de sala de aula. Assim, para uma simulação completa, os membros da turma foram divididos em 3 grupos, com o propósito de garantir a participação paritária das conferências, sendo constituídos por: delegados usuários (50%), gestores (25%) e profissionais de saúde (25%). O processo de votação foi realizado através de links fornecidos pela ferramenta virtual do Pollscape, portanto, foi possível as discussões pelos votantes para que as enquetes com mais relevância fossem aprovadas, visto que, havia um limite para aplicação das propostas. Resultados: A presença dos monitores, durante os dias 23 a 25 de maio de 2023, na décima Conferência Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte foi essencial para o aperfeiçoamento dos conteúdos visualizados e a participação ativa na organização e gestão das atividades dentro nos grupos de trabalhos, bem como votações de propostas. Outrossim, tal atuação no evento possibilitou aos monitores, a junção das habilidades teóricas e práticas, indispensáveis não apenas como componentes de um projeto de iniciação à docência, como também um estímulo para cidadãos conscientes e politicamente ativos. No momento em sala de aula, ocorreu uma aproximação do tema por meio de uma apresentação em slide sobre a história das conferências e conselhos dentro do âmbito público, tendo destaque para os debates democráticos e estrutura organizativa sucedidos por elas. Em seguida, com o objetivo de simular uma conferência de saúde para os discentes, foi realizada a coleta de propostas pelo forms do google. Nessa etapa de coletas foram obtidas um total de 15 respostas, após uma filtragem de réplicas, assim com base na relevância e frequência, foram escolhidas 2 para serem votadas e discutidas em sala de aula. Algumas das propostas enviadas foram: Informar melhor sobre as oportunidades de ligas, projetos e estágios; Maior integração entre o Centro Acadêmico e os alunos e um espaço de descanso mais apropriado para os estudantes. Perante a coleta realizada foi utilizado o aplicativo de smartphone Pollscape, a fim de realizar enquetes para votação simultânea e virtual. Nesse sentido, na votação a proposta intitulada: “Espaço de descanso mais apropriado para os estudantes”, foi aprovada com 96% dos votos válidos, dentre eles, 43% eram usuários, 30% profissionais da saúde e 23% gestores, a proposta foi negativa apenas para 4% dos delegados em geral. Ao final, além da exibição dos resultados das votações realizadas, bem como, as propostas aprovadas, também houve um debate sobre as sugestões levantadas pela turma, visto que para simular uma CESRN, além da paridade de participação, é necessário um limite para aprovação e aplicação das propostas levantadas. Logo, a argumentação construída sobre as propostas se voltou para sua relevância de aplicação, dessa maneira, confirmou entre os participantes da dinâmica, uma habilidade de discussão sobre as temáticas e argumentação de seus princípios. Considerações finais: Na construção de uma sociedade mais justa e equitativa, o processo de ensino-aprendizagem sobre o controle social é um pilar essencial, uma vez que tem o poder de capacitar os indivíduos a compreenderem e participarem ativamente. Nesse cenário os alunos adquirem conhecimentos sobre os mecanismos de controle social, como as instituições governamentais e sociedade civil, além de desenvolverem habilidades críticas para influenciar e analisar esses processos. A incorporação dessa tecnologia no ambiente educacional, através do aplicativo móvel, proporcionou aos discentes uma demonstração de uma das dinâmicas mais essenciais das conferências, uma simulação do diálogo em grupo para elencação das propostas. Exibindo o espaço de voz dos participantes, o processo de participação popular, a consciência do processo democrático, além de transmitir a forma estrutural do processo. Para o processo de formação da docência, vivenciado pelos monitores, as experiências vividas na CESRN foram essenciais para a fixação concreta e material dos conteúdos sobre o controle social do SUS que foram vistos na teoria pela primeira vez, quando estes eram alunos regulares da disciplina.
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