Em sua obra “História de Maria: Vamos Pensar Em Prevenção Ao Abuso Sexual Na Escola?’’, Ângela Torma Pietro nos conta que, de maneira lúdica e de fácil entendimento, é possivel criar narrativas do cotidiano a fim de educar crianças e adolescentes acerca da tematica da violência sexual. Em seu trabalho a mesma, de forma didatica, mostra como crianças podem agir em situações de suspeita ou casos de violência sexual. Além disso, exemplifica ao público alvo a importância de denunciar e ter apoio de uma pessoa de confiança, e ressalta a importância de conhecer mais sobre o tema. Dessa forma, a violência sexual é uma violação do direito do sujeito de ser e existir, por isso, faz-se necessário a educação sexual na infância, pois possibilita que as crianças possam reconhecer os diferentes tipos de abuso e aprender como proceder caso o mesmo ocorra. Além disso, proporciona que os pequenos possam conhecer o próprio corpo, como sendo seu, e aprendam a cuidar dele. A vista disso, é preciso que profissionais e futuros profissionais, das mais diferentes áreas, proporcionem atividades lúdicas e didáticas acerca do tema, com a finalidade de criar um ambiente seguro e confortável, ensinar os mesmos a reconhecer situações de abuso, e a si mesmos. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo relatar experiências vivenciadas por acadêmicos em um projeto de extensão sobre prevenção de violência sexual na infância. Trata-se de um relato de experiência a partir das vivências de acadêmicas dos cursos de Ciências da Natureza e Enfermagem, da Universidade Federal do Pampa, campus Uruguaiana-RS, em um projeto de extensão, do Comitê de Gênero e Sexualide, sobre prevenção de violência sexual na infância. O projeto Comitê Gênero e Sexualidade visa a constituição de um espaço plural de formação, debate e ação no que diz respeito às questões de gênero, sexualidade e temas semelhantes, constituído por discentes e docentes da universidade. A fim de proporcionar ações de sensibilização e debates sobre gênero e sexualidade no contexto acadêmico e na comunidade em geral. O projeto de extensão desenvolve oficinas em escolas públicas do município, tendo como público alvo crianças entre quatro a oito anos de idade, nas etapas iniciais de ensino, no período de abril a junho de 2024. Foram realizadas oficinas com base no livro Pipo e Fifi- Prevenção de Violência Sexual na Infância, de Caroline Arcari, além do material didático desenvolvido pela mesma autora. As oficinas ocorreram nas escolas públicas do município, nas salas de aula com o grupo foco com a presença dos professores da sala. Em um primeiro momento, com o auxílio de um projetor, contava-se a história do livro Pipo e Fifi, utilizando linguagem clara e objetiva, e elementos do dia a dia para ilustrar as diversas situações que apareciam na obra e poderiam vir a ocorrer com os pequenos. Após a contação de história, eram distribuídos desenhos dos personagens do livro para que as crianças pudessem colorir da forma que preferirem, além disso, era proposto que os mesmos desenhassem uma pessoa na qual confiavam. Na maioria das vezes, a mãe e as professoras eram ilustradas como os adultos de confiança, isso demonstra o papel das mesmas na vida dessas crianças pois, considerando a realidade da nossa sociedade, recai sobre as mulheres a responsabilidade do cuidado. Ademais, a partir das oficinas foi possível ofertar um ambiente seguro para que as crianças pudessem expressar livremente seus sentimentos e pensamentos. Durante as atividades foi possível ouvir diversos relatos dos pequenos sobre seu núcleo familiar e de amigos, gerando debates acerca do assunto e levantando questões importantes, como por exemplo, o ato de dizer não quando não se sentissem confortáveis com determinadas situações. Ainda, além de estimular a discussão acerca do tema, foi possível proporcionar um espaço de escuta e acolhimento, no qual as crianças se sentissem valorizadas e protegidas. Propiciar esses espaços e momentos é de extrema importância visto que, muitas vezes, crianças não são vistas como sujeitos passíveis de direitos, e sim como seres em desenvolvimento, e isso acaba as privando do seu próprio processo de formação. Além disso, em 2024, foram registradas 11.692 denúncias relacionadas à violência sexual contra crianças no Brasil, esse número é estarrecedor e nos mostra a triste realidade vivenciada por essa população. Como sociedade é nosso dever garantir a segurança das nossas crianças, é preciso assegurar que as mesmas possam se desenvolver de forma saudável e segura, a fim de evitar sequelas que, muitas vezes, são irreparáveis. Portanto, a prevenção surge como estratégia para evitar que situações de abuso e violência venham a ocorrer, por isso, se faz importante que, logo nas séries iniciais, sejam discutidos temas acerca do assunto com os pequenos. Pois isso faz com que a criança seja capaz de identificar situações de desrespeito com si e seu corpo, e saibam como proceder caso venham a acontecer e a quem recorrer. A prevenção da violência sexual infantil é um compromisso coletivo que demanda ações coordenadas em todos os níveis da sociedade. Ao promover a conscientização, fortalecer as políticas de proteção infantil e incentivar uma cultura de respeito e comunicação aberta, podemos proporcionar um crescimento sadio a essas crianças, e para que tenham a oportunidade de alcançar seu pleno potencial. Em vista do exposto, conclui-se que, a prevenção de violência sexual na infância é de extrema importancia para o desenvolvimento infantil, pois além de ensinar as mesmas sobre o assunto, constroi-se um espaço de discussão que propricia a formação de cada um como um ser humano historico-cultural. Com isso, deve-se investir em ações e políticas públicas que promovam a proteção, o desenvolvimento saudável e o bem-estar das nossas crianças, garantindo que elas tenham seus direitos assegurados e sua infância preservada. Nesse sentido, a universidade surge como uma importante aliada, pois é formadora dos futuros profissionais que vão precisar lidar com essas questões, seja na vida pessoal ou profissional, e precisam entender a importância deste movimento. A prevenção da violência sexual na infância é um imperativo moral e social, ao protegermos as crianças, garantimos um futuro mais saudável e um adulto seguro para relacionar-se com a sociedade como um todo. Políticas eficazes, conscientização e educação são fundamentais para criar um ambiente em que todas as crianças possam crescer e prosperar livres da violação dos seus corpos.