APRESENTAÇÃO: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento. Ao se tratar do TEA, percebe-se que na literatura, poucos estudos trazem como devem ser feitos o acolhimento e cuidado multidisciplinar, devido a ser um tema recente. A Estratégia Saúde da Família (ESF) é a principal porta de entrada e a base do acesso dos usuários ao Sistema Único de Saúde (SUS). Durante os atendimentos na ESF Recreio, na cidade de Mombaça, Ceará, foi identificada uma quantidade significativa de crianças com TEA sendo necessário desenvolver ações de cuidado a essas crianças e seus familiares. Nesse sentido, quais ações podem ser implantadas na ESF para os cuidados a crianças com TEA e seus familiares? O objetivo deste estudo consiste em relatar as ações de cuidado interprofissional aos usuários com TEA e seus familiares em um ESF. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: A equipe da ESF Recreio, ao identificar necessidade desenvolver ações de cuidado no TEA, buscou a equipe multiprofissional, no qual havia um Profissional de Educação Física (PEF) com experiência no cuidados a crianças com TEA. A partir do diálogo entre equipes, foram iniciadas reuniões de planejamento, com o objetivo de estabelecer ações de cuidado. A partir de momentos de acolhimento e escuta, foi estabelecido um grupo de cuidado, inicialmente com as mães e cuidadores, com frequência mensal, que vem ocorrendo entre outubro de 2023 a março de 2024. RESULTADOS: As participantes do grupo relataram que, nos primeiros anos de vida de seus filhos, houve atraso na fala ou ausência de fala, pouco contato visual e físico, inquietação (hiperatividade), e interação social diferente. O diagnóstico das crianças aconteceu em média entre 3 e 5 anos de idade, com alguns casos significativos de diagnóstico tardio depois dos 10 anos. A maioria chegou a conclusão do diagnóstico pela suspeita/investigação e encaminhamento de profissionais fonoaudiologia, enfermagem, e médico. Notou-se que a maioria dos diagnósticos não especifica o nível de suporte da criança. Também ficou evidente que os cuidadores desconhecem diversos direitos em relação ao TEA, além de estratégias que podem auxiliar no cuidado em domicílio. Além disso, foi percebida a necessidade de cuidados em relação aos familiares, que sentem a sobrecarga e estresse em relação à supervisão das crianças e demais demandas do dia a dia. Os momentos em grupo proporcionam o compartilhamento de experiências, além de estabelecer momentos de cuidados às mães através do uso de ventosas e Práticas Integrativas Complementares (PIC). A mais, essa estratégia, vista como exitosa, vem sendo disseminada para outras unidades de saúde, como a ESF Cipó, que está na fase das visitas domiciliares para o reconhecimento das necessidades das famílias do território. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O TEA é tema pouco explorado pelos profissionais da ESF, haja vista não haver uma rede organizada de profissionais especializados, especialmente pelos estudos envolvendo TEA serem recentes. Através das ações implementadas, foi possível aperfeiçoar o processo de acolhimento aos familiares e crianças com TEA, estabelecendo vínculo e apoio. Além disso, os profissionais puderam compartilhar conhecimentos e construir novos caminhos para o cuidado.