O agente comunitário de saúde e o vínculo afetivo com a comunidade como dispositivo de integração de saúde na atenção básica: um relato de experiência sob um olhar da psicologia

  • Author
  • Giselle Correa da Silva
  • Co-authors
  • Maria Lúcia Chaves Lima
  • Abstract
  • Apresentação: O Projeto Multicampi Saúde da Criança na cidade de Belém na Universidade Federal do Pará (UFPA) teve, entre seus objetivos, a articulação do ensino, comunidade e Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da formação e participação de graduandos da área da saúde nas instituições de Atenção Básica (AB). O projeto possibilita a vivência multiprofissional entre 10 áreas da saúde, e viabiliza a interação com profissionais e os processos dinâmicos da AB, incluindo o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Os ACS fazem parte da porta de entrada aos serviços de AB, atuam no acompanhamento e ações preventivas na comunidade, são responsáveis pela ligação entre comunidade e equipe das unidades de saúde, desenvolvimento de ações educativas, identificação de fatores de risco e devem estar em contato permanente com as famílias que estão sob sua responsabilidade. A partir disso, destaca-se neste trabalho o vínculo afetivo entre comunidade e os ACS. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência a partir da participação do estágio em psicologia do projeto Multicampi realizado na Estratégia da Saúde da Família (ESF) - Terra Firme, no município de Belém (PA), no período de quatro semanas no mês de fevereiro de 2024. A equipe de estágio foi inserida em uma equipe composta por dois médicos, duas enfermeiras e nove ACS. Os estagiários do Multicampi participaram de atividades de triagem, gestão de consultas e entregas de exames, assim como visitas domiciliares, onde eram acompanhadas pelos ACS e foi possível realizar a observação de vínculos com os usuários. Resultados: Ao acompanhar três ACS, todas do sexo feminino e residentes do bairro da Terra Firme, observei as formas de tratamento que as agentes recebiam, os usuários expressaram sentimentos de gratidão ao trabalho das ACS, palavras e formas de tratamento carinhosos que iam de abraços, orações até a preparação da casa para o recebimento das profissionais. Ao realizar as visitações, as ACS eram facilmente reconhecidas em suas áreas, conforme relato, recebiam mensagens das famílias para saber do bem-estar das profissionais, com convites para irem às suas casas, principalmente de usuárias idosas. Na experiência das ACS, as famílias tinham dificuldades em ir até os serviços e saberem das campanhas e direitos a atendimentos oferecidos na ESF, mas que nas visitas era possível informar e identificar as necessidades em saúde que o usuário apresentava e a partir da escuta dos relatos realizar a sensibilização para a procura de atendimento e aderência aos tratamentos. Considerações Finais: É inegável que a participação dos ACS na AB funciona para a prevenção e promoção da saúde, além de ser notório a concepção desses agentes como pontos de apoio psicossociais, que viabiliza a sinalização de ajuda por parte da comunidade e fornece segurança quanto ao atendimento das demandas, produzindo, assim, uma relação de cuidado e confiança que nutre a afeição dos usuários aos ACS. Nesse sentido, também é necessário pontuar que a sobrecarga e desvalorização são aspectos que interferem negativamente no trabalho dos ACS e na qualidade do vínculo com a comunidade.

  • Keywords
  • Saúde, Agentes Comunitários de Saúde, Atenção Básica
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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