Apresentação: A função de agente comunitário de saúde tem condição basilar na estruturação do SUS e é ocupada em sua grande maioria por mulheres. Aliado a isso as desigualdades de gênero, raça e classe impõe a este grupo um cenário peculiar e de desafios. Neste estudo parte-se da premissa que as trabalhadoras negras, na função de ACS no SUS, vivenciam no cotidiano de trabalho, relações de poder que sofrem atravessamentos interssecionais de gênero, raça e classe. As evidências científicas e a prática assistencial apontam para a necessidade de analisar como esse tensionamento pode causar repercussões na vida laboral dessas profissionais e da comunidade a qual assistem. Objetivo: Analisar como as relações de gênero, raça, classe e poder se apresentam no cotidiano de trabalho de mulheres negras e agentes comunitárias de saúde. Método: Pesquisa qualitativa, orientada pelo referencial conceitual da Escrevivência, em um município da centro-oeste de Minas Gerais – Brasil. Os dados foram coletados a partir de entrevistas em história oral, guiadas por roteiro, com 12 agentes comunitárias de saúde que se autodeclararam negras. Após a transcrição das entrevistas seguiu-se com a construção de narrativas, que foram submetidas a análise temática indutiva. Resultados: A análise evidenciou 4 categorias (1) Práxis de mulheres negras como Agentes Comunitárias de saúde; (2) Características e subjetividades das Agentes Comunitárias de Saúde: relações de poder, gênero; (3) Cenário de trabalho e (4) Relações de poder. Considerações preliminares: A análise evidenciou as potencialidades e desafios vivenciados pelas participantes na função que exercem no local de trabalho no campo, evidenciou-se também o perfil das famílias assistidas, suas necessidades, exigências e características. Há indicativos de como as desigualdades de gênero, raça e classe repercutem na experiência de trabalho das ACS negras por meio das evidências demonstradas como situações sociodemográficas e econômicas, escolaridade, expectativas na vida, qualidades, características que elas se auto identificam ou que alguém se refira a elas, dificuldades que ela encontra de se descrever e falar de si mesma, aspectos relativos à vivência da maternidade e de relacionamento abusivo. A análise ressaltou