Apresentação: Atualmente, o HIV é considerado uma epidemia mundial, e apenas no Brasil foram diagnosticados 43.403 novos casos de HIV em 2022. No mesmo ano, o estado do Pará registrou a terceira maior colocação entre os estados com o maior índice de diagnóstico de HIV – perdendo apenas para Roraima e Amazonas. Com o advento da Profilaxia Pré-exposição (PrEP) contra o HIV, tornar-se fundamental que os profissionais de saúde tenham conhecimento do tema para orientar adequadamente os pacientes de risco quanto aos cuidados direcionados ao uso da droga. A orientação deve ser dada logo na atenção primária onde o acompanhamento pode ser iniciado, mais particularmente pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), já que comumente são os profissionais que tem o primeiro contato do paciente de risco. Assim, o objetivo deste estudo é compreender a percepção dos ACS em uma Unidade de Saúde do Pará quanto aos seus conhecimentos sobre a PrEP.
Desenvolvimento do trabalho: Trata-se dos resultados preliminares de um estudo do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI), sobre a educação de ACS quanto a prevenção do HIV com PrEP. Aplicou-se um questionário objetivo de múltipla escolha a respeito da percepção dos profissionais sobre seus conhecimentos do tema: as respostas continham “Baixo”, “Médio” e “Alto” para percepção de conhecimento; ou “Sim” e “Não” para perguntas diretas. O projeto foi realizado na Unidade de Saúde Pirajás, Belém – Pará, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob a seguinte numeração: 73239122.40000.5174.
Resultados: A amostra final registrou as respostas de 12 ACS. Em maioria, os ACS reportaram “Sim” sobre já terem ouvido falar da utilização da PrEP previamente a ocasião (10/12; 83,3%), entretanto grande parte também reportou que apresentava um “Baixo” (6/12; 50,0%) ou “Médio” (5/12; 41,6%) nível de conhecimento técnico sobre a aplicação da PrEP, com apenas 1 resposta reportando “Alto” nível. De forma similar a maioria dos profissionais reportou “Baixo” (5/12; 41,6%) ou “Médio” (5/12; 41,6%) nível de confiança em fornecer informações precisas sobre a PrEP às pessoas que frequentam o serviço, com apenas 2 respostas reportando “Alto” nível. Dos 12 profissionais, 5 (41,6%) reportaram “Sim” para já terem tido dificuldades em explicar ou discutir a PrEP com pacientes, e 11 (91,6%) unanimemente reportaram “Sim” sobre conseguirem identificar barreiras individuais e sociais que poderiam influenciar o uso da PrEP na unidade. Apenas 5 (41,6%) reportaram identificar barreiras estruturais para o uso da PrEP.
Considerações finais: Os resultados presentes neste estudo indicam que, embora haja conhecimento prévio dos Agentes Comunitários sobre a existência da PrEP, existe um precário conhecimento técnico a respeito da sua aplicação – refletindo em uma baixa confiança em orientar pacientes quanto ao seu uso adequado. Paralelamente, embora tenham conseguido identificar barreiras individuais e sociais para o uso da PrEP, poucos conseguiram identificar barreiras estruturais. Nesse cenário, este estudo incentiva a melhor capacitação de ACS, que devem estar confiantes para identificar candidatos à PrEP e fornecer informações completas sobre a profilaxia.