Sendo uma prática milenar oriental, o reiki foi trazido para nós pelo Mestre Mikao Usui ao final do século XIX. Através da imposição de mãos, esta prática canaliza a energia promovendo equilíbrio físico, mental e espiritual e a autorestauração dos estados de saúde e bem estar. Recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2007 como uma das denominadas Medicinas Tradicionais Complementares e Integrativas (MTCI), em 2017 foi reconhecida como uma das 29 Práticas Integrativas em Saúde (PICs) do Sistema Único de Saúde (SUS), regulamentada através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC, 2006). As PICs caracterizam uma forma alternativa de cuidado na promoção e prevenção da saúde, entendendo o ser humano como um ser holístico e em contínua relação com seu ambiente e energias existentes nele.
Neste trabalho será relatada a experiência do uso do reiki como alternativa na prevenção e promoção da saúde em trabalhadores de uma instituição pública de saúde do sul do Brasil.
Ao final do ano 2021 se constituiu a primeira equipe de saúde ocupacional num hospital público estatal de médio porte (aproximadamente 500 servidores) numa capital do sul do Brasil. Foram apresentados muitos desafios para os profissionais de saúde do trabalhador que ingressaram naquele momento, como por exemplo, a aceitação pela direção e até a falta de interesse e de participação dos próprios trabalhadores.
Sabendo dos problemas de saúde que acompanham os dados do Brasil, sobretudo depois da pandemia de COVID 19 relacionados a saúde mental, burnout, ansiedade e depressão, a equipe tentou várias aproximações com os servidores para sua abordagem, entre elas a realização de práticas integrativas e complementares, oferecendo várias terapias realizadas por voluntários de fora da instituição e por profissionais capacitados da mesma. Para isso se realizou um programa de PICs que, para ser aceito pela direção, precisou negociar espaço físico para a realização das práticas e pensar em formas de gestão que fossem concretas e práticas. Criou-se uma forma de agendamento por link de fácil acesso, ampliando a possibilidade de alcance por todos os servidores da instituição.
O reiki foi uma das alternativas que os trabalhadores conseguiram acessar durante o horário de trabalho em sessões de 20 minutos a partir de terapeutas formados nesta técnica. Mais de 2000 aplicações foram realizadas no decorrer dos dois anos de início da experiência. Os trabalhadores acederam massivamente, descrevendo a percepção de melhora em diversos sentidos de sua vida, como no controle da ansiedade e estresse, na qualidade de sono e até na forma de relacionar-se com os outros e com problemas do cotidiano. Resultados estes, que acompanham a literatura científica referente ao tema.
A significativa procura pela aplicação de reiki constata como esta técnica é percebida como uma forma de cuidado eficaz pelos servidores e ajuda na qualidade de vida promovendo a saúde, convertendo-se desta forma num instrumento que, como profissionais da saúde ocupacional, podemos utilizar para contribuir com a saúde dos nossos usuários.