Apresentação: O plano internacional de nutrição posto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) traz como principal meta, elevar as taxas de Aleitamento Materno (AM) para o mínimo de 55% em todos os países do mundo até 2025, quando essa instituição elaborará um relatório para desvelar o cenário do que fora proposto. Segundo dados do último inquérito de base populacional, o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil-ENANI, no seu relatório número 4, que trata sobre o aleitamento materno no Brasil, revelou que apenas 41% das crianças brasileiras foram amamentadas no país. No mesmo relatório é dissertado que apesar da prevalência do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) ter aumento nos últimos anos, no Brasil, de 37% em pesquisa realizada em 2006 para 45,8% no estudo já mencionado e que foi realizado em 2020, o fenômeno do desmane precoce ainda se apresenta como problema de saúde pública no país, que possui tantas políticas de saúde voltadas para a promoção e manutenção do AME. Neste sentido, são necessários esforços conjuntos ainda constitui um desafiador problema de saúde pública no Brasil, especialmente no que tange as diferenças loco regionais. O relatório da ENANI mostrou que as taxas de AME foram as seguintes nas regiões norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul foram 40,3%, 39,0%, 46,5%, 49,1% e 54,4|% respectivamente. Como percebido, a região Norte do Brasil apresentou a segunda menor taxa de AME em crianças com menos de 6 meses, evidenciando a necessidade de ações intersetoriais e coletivas para alcançar os níveis adequados de AME para o território, que segundo a OMS precisa ser de pelo menos 90%. O AM é essencial para o processo de crescimento e desenvolvimento fisiológico e cognitivo da criança, por possuir todos os nutrientes: gorduras, vitaminas, proteínas, água, minerais, bem como, agentes de defesa imune (imunoglobulinas), que as fórmulas artificiais não possuem, e que são necessários para seu crescimento, desenvolvimento e proteção, trazendo benefícios imprescindíveis para a saúde do lactente e da nutriz. Nesta esteira, a OMS preconiza que o AME deve acontecer até o sexto mês de vida do neonato, uma vez que não existe a necessidade de introduzir outros tipos de alimentação antes deste período; e de modo complementar até os dois anos de idade ou mais. Todavia, o ato de amamentar, na maioria das vezes, não figura como um processo fisiológico, visto que o seu início e permanência traz diversas dificuldades e inseguranças para a mãe acerca da eficácia do leite materno. Diversos mitos e crenças ainda exercem influência negativa no sucesso do processo de amamentar, especialmente o AME. Tais influências tendem gerar danos muito grandes na confiança para o ato de amamentar, o que favorece fortemente o fenômeno do desmame precoce, trazendo prejuízos para a saúde da criança, mãe e de toda a sociedade. A autoeficácia ou confiança, diz respeito à convicção de um indivíduo de que poderá realizar, com sucesso, determinada atividade, acreditando que conseguirá atingir o resultado que se espera. Ao ter a convicção de que determinadas atitudes e crenças poderão levá-lo a atingir seus objetivos, o indivíduo, no caso, a mulher, cria expectativas com relação aos desfechos relacionados ao ato de amamentar. Assim, o construto da autoeficácia para a amamentação é alicerçado por quatro pontos basilares: experiência pessoal da mulher; experiência vicária, que é a adquirida nas vivências cotidianas com outras mulheres que amamentaram; por informações recebidas pelas redes de apoio social e de saúde que a assistem; e pela seu status emocional e físico. Esses meios de informação interferem diretamente na decisão para começar e manter o processo de amamentação pela mãe. Deste modo, o objetivo desta é analisar a autoeficácia para o aleitamento materno em mulheres no pós-parto em um município do interior do Estado do Pará. Método: Trata-se de um estudo transversal, com abordagem quantitativa, realizada com mulheres no pós-parto de um município do interior do Estado do Pará, Brasil. A coleta de dados aconteceu no período de abril a julho de 2021. Foram incluídas na pesquisa mulheres com idade igual ou maior que 18 (dezoito) anos, que estivessem amamentando, no período puerperal e com acesso a um celular com internet. Foram excluídas as mulheres que por indicação médica não pudessem amamentar e considerou-se perda amostral, os formulários com respostas incompletas ou que não permitissem avaliar os escores. Os métodos e procedimentos deste estudo foram feitos de modo a buscar atender aos princípios éticos dispostos nas resoluções nº 466/2012 e 510/2016 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). O projeto que deu origem ao estudo em tela foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, sob o parecer nº 4.556.900. Para a coleta de dados foram utilizados instrumentos de dados sociodemográficos e obstétricos e de dados específicos sobre autoeficácia do AM (forma abreviada), utilizando a versão brasileira da Breastfeeding Self-Efficacy Scale (BSES-SF), adaptados ao Google Forms, acrescentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os dados coletados foram tabulados, interpretados, processados e analisados por meio da estatística descritiva e inferencial. Para o plano de análise dos foram utilizados recursos de computação, por meio do processamento no sistema Microsoft Excel, Statistic Package for Social Sciences (SPSS) versão 24.0. Resultados: A maioria das puérperas foram classificadas no escore (BSES-SF) como alta autoeficácia, tanto as primíparas (8; 61.5%), como as multíparas (5; 55.6%). Os fatores relacionados à autoeficácia na amamentação no pós-parto foram: menor idade materna, menos dias de vida do bebê, maior nível de escolaridade, estar em união estável, não trabalhar fora de casa, amamentar na primeira hora de vida do bebê, ter tido mais consultas de PN e ter recebido orientação sobre AM no PN e/ou na maternidade. A paridade não influenciou na confiança materna em amamentar. Consideração Finais: A pesquisa demonstrou alta e média autoeficácia no AM nas puérperas analisadas com a BSES-SF. Os escores mais elevados foram entre primíparas em relação às multíparas, apesar de não significativos, resultados diferentes dos esperados. Os fatores relacionados à autoeficácia na amamentação no pós-parto foram: menor idade materna, menos dias de vida do bebê, maior nível de escolaridade, estar em união estável, não trabalhar fora de casa, amamentar na primeira hora de vida do bebê, ter tido mais consultas de pré-natal (PN) e ter recebido orientação sobre AM no PN e/ou na maternidade.