Apresentação da experiência de trabalho de formação para desenvolvimento de campo da pesquisa: “Análise das barreiras e facilitadores de acesso aos equipamentos da Rede de Atenção Psicossocial destinados ao cuidado em álcool e outras drogas pela população em situação de rua (PSR) no município de Belo Horizonte/Minas Gerais.” do Grupo de Pesquisa de Políticas de Saúde e Proteção Social do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas). A pesquisa visa analisar o acesso à saúde no cuidado referente ao uso de álcool e outras drogas, para PSR em Belo Horizonte. O relato apresenta as vivências do processo de formação dos pesquisadores(as) seniores e alunos(as) da iniciação científica. No primeiro momento foi realizada uma formação presencial utilizando metodologias ativas. Foram abordados os temas: Políticas sobre Drogas, Fenômeno da PSR no Brasil, Direitos Humanos, Rede de Atenção Psicossocial, Políticas Públicas para a PSR; Metodologia e Atuação em campo de pesquisa. A formação foi dialogada com as concepções dos(as) alunos(as) sobre drogas, discussão sobre estigmas vivenciados pela PSR, apresentação e reflexão sobre os dispositivos das políticas de saúde e assistência social, orientação sobre a metodologia de coleta de dados, abordagem da PSR, aplicação do questionário, uso do diário de campo e manejo de situações de pesquisa. Além disso, foi discutido discriminação, políticas proibicionistas e suas consequências, redução de danos, redes que prestam assistência à PSR, os modelos de cuidado e por fim, foi realizada a organização do campo e aplicação dos questionários. Os campos foram realizados em serviços das políticas de assistência social e saúde (Centros POPs, abrigos/albergues, Casas de Passagem, CAPS AD). Nesta etapa, foi observado que a vivência no campo completou a formação em saúde coletiva dos alunos da graduação. O encontro com as pessoas e a escuta de suas histórias, a desmistificação de um imaginário social sobre as pessoas em situação de rua e pessoas que usam drogas, proporcionaram reflexões sobre diversos temas que atravessam a trajetória dessa população, como a violação de direitos, as violências sofridas (física, psicológica, estatal), o preconceito, o racismo estrutural, o processo de exclusão social, e o rompimento ou fragilização dos vínculos afetivos e familiares. Concluí-se que o processo de desenvolvimento da atividade de formação para o campo possibilitou perceber uma construção crítica das(os) alunas(os) em relação ao tema, bem como uma melhor desenvoltura em campo. O contato com as histórias de vida das pessoas em situação de rua tem provocado diferenciações em nossos processos de subjetivação como pessoas envolvidas, uma vez que essas histórias afetam e nos provocam como sujeitos e profissionais, ou, futuros profissionais.