Romper a Bolha do Modelo Biomédico com Arte, Ludicidade, exPasso em Si e uma Intervenção Cuidadora

  • Author
  • MAGDA DE SOUZA CHAGAS
  • Co-authors
  • ALESSANDRA SANT'ANNA NUNES , RICARDO DE MATTOS RUSSO RAFAEL
  • Abstract
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    Em 2024, a ABEn celebra 85 anos de Semanas Brasileiras de Enfermagem e no corpo dessa celebração o mote foi “Romper ‘Bolhas’ no mundo atual para o resistir e o coexistir da Enfermagem”. A Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), propôs uma mesa: Romper a Bolha do Modelos Biomédico. O objetivo desse material é apresentar o relato de experiência de uma intervenção desenvolvida pelas autoras e autor, na Semana de Enfermagem. A metodologia desenvolvida foi uma apresentação-intervenção em um auditório com aproximadamente 220(duzentas e vinte) pessoas participantes do evento. Consideramos importante destacar que a Enfermagem teve início como ciência no Brasil a partir da formação de Enfermeiras brasilianas por Enfermeiras americanas. A partir daí, o que locais/países como Inglaterra e posteriormente Estados Unidos da América, experimentavam, passou a ser pensado e refletido em terras brasilis. Certa situação colonizadora, quando hoje visitamos e que nos convoca refletir, ao pensarmos romper bolhas. Após 85 anos de semanas de Enfermagem, depois de experiências e vivências, estamos prontas e prontos para romper a bolha! Uma bolha quando surge no nosso corpo demanda tempo, observação e cuidado para percebermos o momento que devemos rompê-la. A pele debaixo deve estar pronta para o externo, para o contato, para o que está por vir. Consideramos que 85 anos é tempo, observação e cuidado suficiente. Assim, não devemos e nem podemos ter medo de apresentar ao mundo o que Somos, Carregamos e a Potência Que Nos Habita! Desenvolvimento e Resultados: Diferente de outros momentos, a nossa intervenção convidou cada pessoa a entrar em contato com seu sensível, tendo a arte como aliada, com o canto, com a alegria que identifica com mais frequência as brasilianas e brasilianos, tanto quanto o acolhimento às nossas humanas fragilidades. Como fazer isso expondo à nós e não as(os) outras(os)? Carregar o enunciado de verdades e partilhar. O nervosismo de quem estava à frente da intervenção foi anunciado e para dar espaço e corpo a outras experimentações nos corpos de quem nos assistia, a pessoa à frente da intervenção cantou uma música de Gonzaguinha. Era possível perceber o canto a trêmulo, a incerteza na voz e a alegria compartilhada que estava em construção. O 1º objetivo foi atingido, tínhamos a atenção afetiva das pessoas. No entanto, ainda precisávamos de um segundo movimento, precisávamos atingir nosso 2º objetivo que era convocar a essência de cada pessoa a olhar para si e perceber a possibilidade, a força, a determinação que habita a mente e coração, a possibilidade que cada pessoa carrega de fazer enfrentamentos, construir escuta e formas singulares de cuidar. Para isso, pensamos em um movimento lúdico que convocasse carinhosamente a criatividade e o criativo de cada pessoa. Levamos para o auditório um brinquedo que produz Bolha de Sabão e perguntamos: Sem pensar muito, O que vem à mente e ao coração quando vocês veem Bolhas de Sabão? A resposta quase uníssona foi: Infância! Foi quando lançamos a segunda pergunta: O que fazíamos na infância, quando brincávamos com Bolhinhas de Sabão? Mais uma vez a resposta uníssona: Estourávamos as Bolhinhas de sabão! Foi quando lançamos nosso convite: Por que que a gente quando criança fazíamos isso com facilidade e depois quando adulto a gente fica pensando se rompe e se não rompe? O convite passa a ser: Por que não romper? O pedido é: Entra em contato com essa criança e traz a criança para o aqui e agora. Porque se a criança consegue romper, e isso é mágico, porque que a gente não consegue romper. Na sequência, apresentamos os tópicos que seriam desenvolvidos: Encontro, Vínculo e Território Vivo. É importante destacar que propositalmente, não utilizamos o conceito de Tecnologia Leve. Considerações finais: Para esse momento de intervenção consideramos trabalhar com alguns conceitos estruturantes e que consideramos expressar a força e a potência que a Enfermagem entrega ao mundo, são eles: Encontro, Vínculo e Território Vivo. No entanto, desejávamos chegar neles com as pessoas espinosamente afetadas. Isso porque com mais frequência, que o desejado e esperado, trabalhando com tecnologias leves, com mais frequência que o desejado, a Enfermagem reconhece ou valoriza pouco, ou mesmo desconsidera as tecnologias leves como ciência ou que o uso dessas tecnologias carece de intenso preparo das caixas de ferramentas. Consideramos importante afirmar que a Enfermagem não opera, elabora e se sustenta apenas nos conceitos apresentados acima, mas foram esses os conceitos que escolhemos como provocadores para a intervenção pretendida. Para auxiliar nosso processo de construção, convite à elaboração crítica, apresentação e sustentação da linha argumentativa que apresentamos, usamos artes tanto o canto, quanto em vídeos e fotos. Isso porque consideramos que a arte revela, expõe e explicita, o que as vezes as palavras nos faltam. Para Romper a Bolha do Modelo Biomédico, consideramos que a Enfermagem precisa olhar e reconhecer o que faz, a potência que carrega, a diferença que faz e que pode fazer, e efetivamente o impacto que constrói e pode construir na vida da pessoa/cliente/usuário/paciente. Nesse caso, alertamos que não nos prendemos ou ocupamos com o nome, ou à nomenclatura utilizada para denominar à pessoa que busca cuidado. Efetivamente não ficaremos presas(os) nesse ponto, dado que outros múltiplos e sensíveis pontos precisam receber luz. Independente da maneira com que você nomeia o outro, efetivamente nos importa a forma com que a construção, por exemplo, da autonomia do cuidado acontece, se existe a construção de processo terapêutico, preferencialmente singular, e se esse é elaborado coletivamente e se é respeitado. Para os processos terapêuticos que fazem a diferença na vida das pessoas, tudo começa com Encontros, como a escultura de Ali e Nino, em uma cidade costeira do Mar Negro. Consideramos que o entrelaçar das duas gigantes esculturas, expressam Encontro. Como uma pessoa irá se abrir, acolher processos terapêuticos que se apresentam como restritivos e impeditivos do seu estar na vida e construir para si um corpo cuidadoso? A Enfermagem sabe construir encontros. No entanto, precisa perceber e incluir mais e mais tanto a sua porção criativa e criadora, assim como a abertura e participação da pessoa que recebe o cuidado. O cuidado não é via de mão única e essa dimensão é importante e importa.

     

     

  • Keywords
  • Arte, Modelo Biomédico, Enfermagem, Ludicidade, Cuidado
  • Subject Area
  • EIXO 5 – Saúde, Cultura e Arte
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