Introdução: No Brasil, as questões relacionadas à maternidade continuam sendo profundamente marcadas por desigualdades decorrentes da estrutura política, econômica e social do país, refletindo-se no acesso e na qualidade do cuidado oferecido às mulheres grávidas nos serviços de saúde. Durante o período gestacional, as mulheres se tornam mais vulneráveis à violência institucional e obstétrica, termos que descrevem ações perpetradas por profissionais de saúde, tais como omissão de informações, maus-tratos, abuso físico e psicológico durante o pré-natal, parto ou pós-parto. Essas formas de violência têm impacto negativo significativo no período gestacional, podendo resultar em complicações no momento do parto, além de causar medo, depressão e, em casos extremos, levar à morte materna. Objetivo: Esta pesquisa tem como objetivo identificar na literatura o perfil das gestantes mais suscetíveis à violência obstétrica e descrever os tipos mais frequentes dessas violências. Metodologia: Para a elaboração desta revisão integrativa, foram conduzidas buscas nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e CAPES, utilizando os descritores "Violência Obstétrica AND Interseccionalidade AND Mulheres". Foram selecionados artigos publicados no Brasil entre os anos de 2012 e 2022, em língua portuguesa, excluindo teses, monografias, artigos em outros idiomas e aqueles sem disponibilidade em formato PDF. Após a seleção inicial com base nos títulos e resumos, foram escolhidos 5 artigos para análise: 3 da Scielo, 1 da BVS e 1 da CAPES. Resultados e Discussão: Um total de 236 artigos foi inicialmente identificado, dos quais 5 foram considerados pertinentes após as etapas de exclusão. Os artigos selecionados abordam a violência obstétrica, destacando especialmente o recorte interseccional de raça, classe e gênero como fatores desencadeadores de violência no pré-natal, parto e pós-parto. A partir da análise da literatura, foi possível traçar um perfil das mulheres mais vulneráveis à violência institucional, frequentemente mulheres negras, de baixa renda, com baixa escolaridade, sem companheiro, adolescentes ou consideradas idosas. Além desses fatores, situações como estar em situação de rua, uso abusivo de álcool ou outras drogas, ou estar encarcerada agravam ainda mais a vulnerabilidade. Entre as formas de violência identificadas nos artigos estão a episiotomia (corte no períneo), manobra de Kristeller (pressão sobre o útero), inadequação no número de consultas pré-natais, falta de administração de anestesia, além de violência psicológica baseada no estereótipo da mulher negra como resistente à dor. Considerações Finais: Esta pesquisa teve como objetivo identificar o perfil das mulheres mais afetadas pela violência obstétrica e categorizar os principais tipos de violência. A análise revela que mulheres negras estão mais suscetíveis a experienciar negligências por parte da equipe multiprofissional durante o período gestacional. A cor da pele e a condição socioeconômica emergem como determinantes importantes na qualidade do atendimento recebido, sendo que quanto mais vulnerável a situação da gestante, maior o risco de um processo gestacional desumanizado e violento. Observa-se também a necessidade urgente de revisão das práticas de saúde pelos profissionais, visando a implementação de práticas adequadas e humanizadas no acompanhamento gestacional das mulheres.