Apresentação e objetivo:
A violência contra a mulher é um grave problema de saúde pública e o seu enfrentamento exige a integração de inúmeros fatores políticos, legais e acima de tudo culturais, a fim de ser desnaturalizada pela sociedade. Os serviços de saúde público e privado são obrigados a notificar, no sistema de informação de notificação compulsória, os casos suspeitos ou confirmados de violência de qualquer natureza contra a mulher. Os profissionais de enfermagem são atores fundamentais nesse aspecto, sobretudo o auxiliar de enfermagem que assume o protagonismo na assistência aos usuários, desenvolvendo o acolhimento e a escuta qualificada. Assim, o objetivo desse estudo foi: traçar o perfil socioeconômico dos auxiliares de enfermagem e identificar o conhecimento das auxiliares de Enfermagem em relação ao processo de notificação compulsória com as mulheres vítimas de violência, em uma UBS do município de Vitória, ES.
Desenvolvimento do trabalho:
Trata-se de um estudo descritivo, exploratório e de abordagem quali-quantitativa. A produção de dados se deu por meio de um questionário semiestruturado, com perguntas abertas e fechadas, sendo aplicado presencial e individualmente, no período de outubro e novembro de 2022. Como critérios de inclusão, foram entrevistados os trabalhadores que atuavam ativamente e que possuíam vínculo empregatício há mais de três meses. Os dados foram analisados sob a perspectiva de Bardin, em pares com referências na literatura para assegurar maior validade e confiabilidade dos dados. O estudo atendeu aos aspectos éticos envolvendo seres humanos, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, sob o parecer nº 5.640.771.
Resultados:
Foram abordadas 07 auxiliares de enfermagem, todas do sexo feminino, com idades entre 46 a 61 anos. Dessas, 80% eram casadas, 40% se auto declararam brancas, 80% afirmaram ser católicas, 70% tinham até 20 anos de formação na área e em relação ao vínculo empregatício, todas eram estatutárias. Um fato que nos chamou atenção foi que 80% das entrevistadas afirmaram já ter sofrido algum tipo de violência contra a mulher. Ao serem perguntadas sobre o sistema de informação de notificação compulsória, foi evidenciado que as participantes tinham pouco, ou nenhum entendimento sobre a importância da notificação compulsória em relação a casos de suspeita ou violência.
Considerações finais:
O presente estudo possibilitou identificar o conhecimento dos auxiliares de enfermagem quanto à temática violência contra a mulher, e desvelou fragilidades no campo da notificação compulsória que repercute diretamente na prestação de assistência, impossibilitando a implementação de políticas públicas eficientes que protejam a mulher. Torna-se relevante salientar o papel do profissional de saúde, haja vista que em algum momento desse enredo, a mulher procura os serviços de saúde para o atendimento relatando a violência ou demostrando sinais desse tipo de crime. Espera-se que os resultados desse estudo gerem contribuições para o enfrentamento da violência contra mulher, podendo-se inferir a necessidade de ações de educação permanente para os trabalhadores de saúde pesquisados, possibilitando assim entendimento sobre o fenômeno da violência contra a mulher, levando em conta suas características, causas, grupo de risco e meios de prevenção.