O processo de envelhecimento é uma característica comum a todos os seres vivos, que se inicia logo
ao nascimento. O envelhecimento humano, diferencia-se por ser um processo complexo, que sofre muitos
atravessamentos biopsicossociais e culturais. O envelhecimento é um tema que impacta os indivíduos,
independentemente de etnia, classe social, orientação sexual ou de gênero.
Historicamente, a velhice foi encarada por diferentes prismas dentro das sociedades, sendo um
fenômeno constituído por múltiplos aspectos, como social e cultural, criando e dando significados e valores
em torno do ato de envelhecer, e não apenas sobre o corpo envelhecido do indivíduo, mas também sobre
sua psiquê.
O Capitalismo acentua a sua preferência por um corpo jovem, produtivo e que descarta o corpo
envelhecido por não ter nenhum ou pouco valor social ou econômico, sendo um corpo improdutivo. O
envelhecimento e o aumento da população mundial, fez surgir estudos e novas ciências que dessem conta
de compreender o fenômeno do envelhecimento, no âmbito biopsicossocial, individual ou coletivamente,
sabendo que a ótica negativa sobre o envelhecimento pode gerar sofrimentos psíquicos.
Através da observação do fenômeno acerca do envelhecer, podemos perceber que alguns grupos
sofrem mais danos psíquicos do que outros. As mulheres, por exemplo, sofrem devido a normatização social
e cultural de que às mulheres é vedado o processo natural do envelhecimento. Dessa forma, há afetações
nas percepções da mulher acerca de si e de seu papel como mulher na sociedade que ela vive e no mundo.
É no território existencial que se constrói a subjetividade, de identidade, de quem somos no mundo,
no espaço que ocupamos. Porém, a sociedade se organiza de maneira desigual e isso fica bastante nítido
com a desigualdade ainda presente entre os gêneros, e como isso se dá na esfera individual, institucional e
estrutural nas relações de poder sobre o corpo e a subjetividade, o que leva a mulher a uma desvantagem
dupla, pelo simples fato de ser mulher e de que vai envelhecer.
O envelhecimento feminino, da mulher, traz consigo questões especificas ao redor desse fenômeno.
Mulheres podem ser mais afetadas em sua velhice justamente pela discriminação de gênero, que enfrentou
durante toda a sua jornada como mulher. A imagem da mulher é vendida pelo capitalismo como um ser de
beleza e juventude eternas. A partir dessa imposição social, a mulher sente-se mais cobrada em relação ao
envelhecimento, como processo natural, procurando esconder ou retardar os sinais do tempo. Medo,
vergonha, limitações físicas e outros aspectos ligados ao fenômeno do envelhecimento causam mais
angústia nesse grupo específico, principalmente no que tange a sexualidade da mulher na sua velhice. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica, mostrando que faltam estudos que estejam interessadas na sexualidade da mulher idosa, sendo um desafio contemporâneo a Psicologia e outras ciências, pela relação de poder existente que ainda oprime corpos, principalmente os femininos envelhecidos.