Apresentação: O cuidado às pessoas com obesidade tem exigido a dedicação de recursos, saberes e práticas cada vez mais complexos e alinhados às diversas necessidades dos sujeitos. Neste sentido, a Atenção Primária à Saúde (APS) tem papel estratégico tendo em vista a efetivação dos princípios da integralidade do cuidado e equidade. O Brasil experimentou mudanças sociais notórias nas últimas 3 décadas, uma transição demográfica e epidemiológica, as quais resultaram em transformações no padrão de saúde e consumo alimentar da população. Resultante desse cenário houve um aumento relevante do excesso de peso em todas as camadas da população, trazendo novos desafios para o setor saúde e seus profissionais relacionados ao cuidado em alimentação e nutrição. O objetivo deste resumo é apresentar diferentes percepções de profissionais e usuários acerca dos cuidados necessários às pessoas com obesidade. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de pesquisa qualitativa que realizou entrevistas semiestruturadas com 20 Agente Comunitário de Saúde (ACS), 06 profissionais de saúde com nível superior e 08 usuários de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do Rio de Janeiro nos anos de 2022 e 2023. A análise foi realizada através de análise temática. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ (Parecer nº 3.712.789) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro(Pareceres nº 3.784.409 e nº 3.981.992). Resultados: Usuários e profissionais entrevistados têm diferentes compreensões sobre os impactos da obesidade na vida das pessoas bem como sobre os cuidados prestados. Profissionais de nível superior tendem a apontar a resistência dos usuários em aderir às orientações e a falta de renda como as principais dificuldades para o cuidado. Os ACS destacam os sofrimentos de muitos usuários, seja por questões de estigma ou relacionadas a comorbidades como diabetes, hipertensão e dores osteoarticulares. Os usuários da UBS, por sua vez, destacam as frustrações de muitas tentativas de perda de peso e as condições de vida como principais barreiras relacionadas ao autocuidado. Há em comum entre as percepções o destaque sobre a possibilidade de melhoria do cuidado prestado pela UBS, ressaltando-se a necessidade de adequação do espaço físico e oferta de equipe multiprofissional. Considerações finais: Ampliar as oportunidades de cuidado em alimentação e nutrição na APS é fundamental, para tanto é relevante o reforço da Vigilância Alimentar e Nutricional, da Educação Permanente em Saúde relacionada ao cuidado com as pessoas com obesidade e do autocuidado na construção de olhares mais sensíveis e atitudes mais assertivas relacionadas a estes sujeitos. Importante o desenvolvimento de ações e estratégias que promovam a integralidade e intersetorialidade e contemplem um acompanhamento multidisciplinar e longitudinal.
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