Racismo e antirracismo nos currículos de Fisioterapia das Universidades Federais

  • Author
  • Ana Beatriz da Silva Barros
  • Co-authors
  • Jéssica Saraiva da Silva , Gisele Agustini Lovatel , João Matheus Acosta Dallmann
  • Abstract
  • O objetivo deste trabalho é apresentar a pesquisa intitulada “Fisioterapia como recurso para atenção da saúde da população indígena brasileira” desenvolvida junto ao grupo de pesquisa Ìlera/UFSC que volta seus estudos aos temas antirracistas na saúde coletiva. Duas décadas da aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro- Brasileira e Africana, um grande desafio é implementar a discussão nos currículos e propriciar uma formação profissional antirracista. Considerando que mais de 52 % da população brasileira é autodeclarada negra, segundo o IBGE, é importante desenvolver estudos  neste tema. A formação profissional é uma  estratégia para o enfrentamento do racismo, com foco nas áreas de saúde. A Lei 14.231/2021 prevê a inclusão de fisioterapeutas nas equipes de saúde da família do Sistema Único de Saúde. É necessária a inclusão de temas antirracistas nos currículos de graduação em fisioterapia. 

    O cuidado intercultural em saúde para as comunidades indígenas, como abordagem integral sobre as condições de saúde,para promoção de ações com  qualidade, práticas como a medicina tradicional e costumes fazem parte do cotidiano destas comunidades.A equipe multiprofissional é crucial para promover ações de saúde eficazes, entendendo as nuances culturais, sociais e ambientais da população. A abordagem interdisciplinar entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, antropólogos e outros permite uma visão holística para enfrentar os desafios de saúde para um sistema de saúde de qualidade. 

    A pesquisa discute  a formação do fisioterapeuta para a saúde das populações indígenas brasileiras. Baseando-se numa  abordagem multifacetada para a qualidade de vida dessa população,  desde a prevenção de lesões até o tratamento de condições músculo-esqueléticas, respiratórias, neurológicas, entre outras.A fisioterapia é essencial na saúde da população indígena brasileira, fortalecendo o sistema de saúde dessas comunidades.Contudo, necessita uma abordagem intercultural, acessibilidade e  interdisciplinaridade desde a formação dos profissionais.

    No intuito de avaliar a presença destes temas na formação acadêmica este estudo avaliou dados de currículos de cursos de graduação em fisioterapia. Foram solicitados  os  Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs) das 30 universidades federais que possuem o curso de fisioterapia. Foram contatadas as coordenações de curso através de uma carta convite apresentando a pesquisa e solicitando o PPC atualizado. Embora sejam documentos públicos, foram solicitados às universidades através do endereço eletrônico. O objetivo desse levantamento foi obter informações sobre as estruturas curriculares, ementas das disciplinas e outros  aspectos que os PPCs apresentam sobre  questões etnico-raciais. Das 64 universidades Federais do Brasil, 30 possuem o curso de Fisioterapia. Estão concentradas principalmente no Sul e Sudeste. Dos achados preliminares da pesquisa identificamos que:  60% dos PPCs apresentam os termos "racismo", "indígena", "povos originários", "étnico-raciais" e "relações étnico-raciais.

    No entanto, apenas 30% das universidades oferecem disciplinas obrigatórias nessa temática. Além disso, apenas 30% das universidades fundamentam no PPC as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.Isso evidencia uma lacuna significativa na implementação prática de diretrizes que promovam a educação étnico-racial de forma obrigatória nos cursos superiores.

     
  • Keywords
  • racismo, indígena, povos originários, étnico-raciais , relações étnico-raciais
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
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