Musicoterapia no contexto odontológico: Uma revisão da literatura
Apresentação: Ao longo da história, a visita ao dentista tem sido frequentemente associada a sentimentos de medo e ansiedade. Isso se deve, em grande parte, a eventos traumáticos do passado e relatos antigos de procedimentos odontológicos dolorosos, muitas vezes realizados com técnicas rudimentares de controle da dor. Essas experiências contribuíram significativamente para a formação de um estigma negativo em relação à odontologia. Apesar dos avanços na tecnologia e nas abordagens clínicas, uma parcela significativa da população ainda mantém essa aversão persistente. O conforto durante o atendimento odontológico surge como uma necessidade fundamental, e a musicoterapia desponta como uma estratégia promissora para alcançar esse objetivo. A musicoterapia utiliza a música de forma terapêutica para promover o bem-estar emocional, físico e psicológico dos pacientes. Funcionando como um distrator cognitivo, ela pode induzir o relaxamento e auxiliar os pacientes a se sentirem mais confortáveis, desviando o foco dos procedimentos em si. Objetivo: Analisar a eficácia e benefícios da musicoterapia no bem-estar dos pacientes durante procedimentos odontológicos. Desenvolvimento do trabalho: Este estudo utilizou como metodologia uma revisão da literatura. Foram selecionados para revisão 6 artigos da base de dados Scielo que abordassem a musicoterapia em pacientes submetidos a tratamentos odontológicos. Os descritores utilizados na busca foram "musicoterapia", "consultório" e "odontologia". Resultados: Um estudo de ensaio clínico realizado com 40 crianças na Clínica da PUC-Campinas revelou uma diminuição na frequência cardíaca e na ansiedade das crianças que receberam musicoterapia durante os procedimentos odontológicos, em comparação com o grupo controle. Esse resultado se alinha com outros estudos que demonstraram um efeito positivo da musicoterapia na diminuição dos sintomas de medo e ansiedade. Além disso, pacientes que ouviram música durante as consultas odontológicas indicaram uma melhor percepção do ambiente clínico e um aumento na satisfação com o atendimento, conforme avaliado por questionários. Os profissionais de odontologia também relataram melhorias na colaboração e comunicação com os pacientes, o que poderia facilitar os tratamentos. Ademais, um estudo específico realizado com crianças autistas mostrou que a musicoterapia ajudou a diminuir os níveis de ansiedade e aumentou a cooperação durante os tratamentos dentários. A frequência cardíaca das crianças também diminuiu, o que poderia indicar um estado de maior calma e conforto. Considerações Finais: A musicoterapia parece não apenas melhorar o bem-estar dos pacientes durante os procedimentos odontológicos, mas também facilitar a comunicação e a cooperação entre pacientes e profissionais, o que parece contribuir para a eficácia dos tratamentos. Especialmente para grupos com maiores dificuldades, como as crianças autistas, a musicoterapia pode otimizar a experiência odontológica, mitigando medos históricos e construindo uma relação de confiança entre paciente e o profissional, estabelecendo uma base sólida para uma saúde bucal positiva ao longo da vida.
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