Este estudo consiste na sistematização da experiência no contexto do cuidado em saúde mental de uma população acampada no Distrito Federal, através da estratégia de saúde da família. Seu objetivo foi compreender a interação dos determinantes psíquicos e sociais nas trajetórias de vida de mulheres envolvidas na luta pela terra. Além disso, buscou promover a saúde mental por meio de encontros coletivos para fortalecer vínculos, promover o pertencimento comunitário, estimular a autonomia, implementar estratégias de cuidado ampliado e contribuir para a transformação social. Quanto à metodologia, o estudo adotou características de pesquisa-ação fundamentadas na Psicologia Social, Comunitária e Políticas Públicas. Utilizou-se a sistematização da experiência, incluindo registros de diário de campo e planejamento de atividades coletivas realizadas durante os meses de março e abril de 2024, totalizando seis encontros. Essas atividades foram conduzidas por uma residente psicóloga do Programa Multiprofissional em Saúde da Família com Ênfase em Saúde da População do Campo, da Fundação Oswaldo Cruz - Brasília, envolvendo um grupo de 10 mulheres residentes no acampamento Margarida Alves, na Rota do Cavalo em Sobradinho - DF. Os resultados destacaram a construção coletiva e o diálogo contínuo entre conhecimentos científicos e populares sobre cuidados em saúde mental, por meio de rodas de conversa, recursos culturais, artísticos e práticas integrativas. Foram consideradas dimensões como vínculos, responsabilidade social, direitos das mulheres, autonomia, estratégias de organização comunitária, geração de renda, educação popular e valorização de saberes ancestrais de cuidado. Conclui-se que as práticas desenvolvidas contribuíram para o fortalecimento do coletivo e influenciam experiências futuras, promovendo uma cultura de saúde comunitária. Os benefícios incluem a produção de novos conhecimentos na Psicologia Social e Comunitária, além do potencial de replicação das estratégias de cuidado em saúde mental para populações acampadas, bem como discussões sobre a integração dessas temáticas nas equipes de Atenção Primária à Saúde (APS).