A EFETIVIDADE DAS BOAS PRÁTICAS ADOTADAS EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DE VITÓRIA: UM RESUMO EXPANDIDO

  • Author
  • Maressa da Silva Felici
  • Co-authors
  • Carolina Bermudes Soares , Luiz Henrique Laudino Teodoro , Ranielly Silva Costa de Souza , Isabela Carvalho Ortelan , Letícia Guimarães Peyneau
  • Abstract
  • Apresentação: Sabe-se que a promoção de uma gravidez segura e saudável perpassa pela capacitação ativa das gestantes através de educação em saúde, uma vez que, todas essas mães devem ser as protagonistas responsáveis pelo cuidado a sua saúde e do bebê. Neste contexto, a implementação de boas práticas de cuidado pré-natal pode possibilitar a melhora dos desfechos materno-infantis considerando-se que essas condutas abrangem desde as intervenções de rastreamento das doenças pré-existentes até a promoção de hábitos saudáveis, englobando o acompanhamento efetivo do desenvolvimento fetal e ações preventivas. Vale ressaltar que é fundamental a qualificação e treinamento dos profissionais de saúde inseridos na prestação de assistência à saúde materna para ofertarem uma atenção humanizada através de boas práticas na atenção ao parto, nascimento e puerpério visando o aumento da qualidade do atendimento e à redução de complicações gestacionais. Diante do exposto, a presente pesquisa objetivou avaliar as boas práticas adotadas na maternidade pública Pró-Matre para a melhoria da saúde materna durante a gestação. Desenvolvimento: Realizou-se um estudo transversal com dados de origem primária. Através de um questionário estruturado elaborado pelos autores coletou-se informações acerca das boas práticas adotadas na Pró-Matre, sobre as orientações fornecidas e as intervenções realizadas. Utilizou-se uma amostra de conveniência de 200 gestantes internadas na instituição Pró-Matre durante o período de acompanhamento do estudo. Foram incluídas gestantes com idade gestacional igual ou superior a 12 semanas no início do acompanhamento na Pró-Matre e gestantes que concordarem em participar voluntariamente do estudo e assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Excluiu-se gestantes que apresentassem complicações médicas graves pré-existentes que pudessem interferir nos desfechos, gestantes com gravidez múltiplas e gestantes menores de 18 anos. As participantes foram convidadas a participar do estudo e receberam informações sobre os objetivos, procedimentos e potenciais riscos e benefícios da pesquisa. Os dados foram coletados de forma anônima e confidencial, garantindo a privacidade das gestantes. Utilizou-se a análise descritiva para avaliação dos resultados obtidos. Este projeto foi aprovado pelo comitê de pesquisa da EMESCAM e registrado sob o número nº 3.997.191 e a pesquisa respeitou a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Resultados: No presente estudo 51,5% da amostra respondeu que recebeu orientações sobre as vantagens do parto normal enquanto 48,5% não receberam. Dentre as que receberam, as informações se limitaram ao aumento do vínculo entre mãe e bebê, facilitação da amamentação, menor tempo de internação hospitalar e complicações/infecções para mãe e do bebê, ausência de cicatriz abdominal, diminuição da chance de o bebê nascer “antes da hora”, recuperação mais rápida da mãe, menor risco de problemas respiratórios do bebê, redução das chances de doenças alérgicas e “permite interação pele a pele”. Estes dados retratam que existem lacunas acerca do fornecimento de orientações as mães, uma vez que o parto normal beneficia a saúde materna e do bebê, entretanto apesar de que mais da metade da amostra de mães receberam informações referentes ao parto normal, uma porcentagem significativa não foi orientada. De acordo com as diretrizes nacionais de assistência ao parto normal durante o pré-natal os profissionais devem informar as mulheres sobre os riscos e benefícios das diversas práticas e intervenções durante o trabalho de parto e o parto, acerca da necessidade de escolha de um acompanhante pela mulher para o apoio durante o parto, sobre as estratégias de controle da dor e métodos disponíveis na unidade, descrevendo os riscos e benefícios de cada método, acerca da organização e indicadores assistenciais do local de atenção ao parto e os diferentes estágios do parto. Neste contexto, no que tange ao questionamento sobre o recebimento de orientações a respeito das indicações para o parto cesariano, 65% das gestantes responderam que não receberam, sendo que as 35% que responderam positivamente, relataram as orientações como apresentação pélvica do bebê, sofrimento fetal, existência de condições que impossibilitem o trabalho de parto normal, “bebê ser muito grande” e trabalho de parto “não progredindo”. Observou - se que a maioria da amostra não recebeu informações sobre as indicações do parto cesáreo. Destaca-se que uma das diretrizes da aliança para o parto seguro e respeitoso refere-se à redução do número de cesarianas sem indicação clínica e a promoção do parto normal. Dessa forma, para o cumprimento e fortalecimento dessas diretrizes faz - necessário a promoção de uma educação em saúde eficaz das gestantes. Em relação a pergunta sobre a presença de acompanhante durante o parto, 94% responderam que possuíram, sendo acompanhadas por mãe, marido, “pai da criança”, doula, parceiro, sogra ou irmã. Vale ressaltar que a presença do acompanhante é um direito garantido a mulher através da lei 11.108, Portaria GM/MS número 2.418, de 2015. Considerando-se os benefícios da presença do acompanhante fornecendo, por exemplo, suporte emocional a mãe, de forma positiva, as participantes da presente pesquisa majoritariamente relataram a presença do acompanhante durante o parto. Além disso, 79% da amostra receberam orientações sobre exercícios durante o trabalho de parto, sendo estas apoiar-se em uma bola, caminhar, controlar a respiração, realizar agachamento, dança, ioga, ficar de pé, sentado de cócoras, apoiar-se na barra, caminhar, subir e descer degraus de escadas. Ademais, 73% não receberam técnicas não farmacológicas para alívio da dor, sendo que as mães que receberam relataram a utilização de banho quente, controle da respiração, ficar em uma posição confortável, massagem nas costas e exercícios na bola. É importante salientar as condutas atuais para alívio da dor visam proporcionar um parto agradável e humanizado, diminuindo o estresse, a tensão e tornando o parto uma experiência fortalecedora e marcante tornando-se fundamental o fornecimento dessas técnicas. Considerações finais: É notória a efetividade da realização das boas práticas suscitando a redução da mortalidade materna e neonatal e a garantia de direitos básicos a mãe e ao bebê. Percebe-se que a implementação efetiva das boas práticas na maternidade Pró-Matre enfrenta desafios necessitando-se de maior capacitação dos profissionais de saúde responsáveis pela prestação de assistência. Contudo, conquistas significativas foram concretizadas no que tange ao pré-natal, parto e puerpério bem como à autonomia da mãe na tomada de decisão sobre seu cuidado, evidenciando avanços importantes que podem servir de modelo para outras instituições, fortalecendo assim, a confiança das gestantes.

  • Keywords
  • Saúde materna, Cuidado Pré-Natal, Parto Humanizado, Maternidades.
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
Back