Introdução: No Brasil, foram diagnosticados 78.057 novos casos de Tuberculose (TB) em 2022 em menores de 15 anos. O Amazonas (AM) é o principal estado brasileiro com maior risco de infecção por TB e possui um grande desafio em relação ao tratamento e controle da doença. Não há literatura que analise o perfil epidemiológico de TB na infância e adolescência no AM. Objetivo: Descrever as características epidemiológicas de TB na população infantil e adolescente do estado do AM. Métodos: Estudo observacional, ecológico e quantitativo acerca da TB em menores de 19 anos no estado do AM. Utilizou-se de dados secundários obtidos através do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Como critério de inclusão, utilizou-se os casos disponíveis no DATASUS entre os anos de 2012 a 2022. As variáveis selecionadas foram: faixa etária (<1 ano, 1 a 4 anos, 5 a 9 anos, 10 a 14 anos, 15 a 19 anos), sexo (masculino, feminino), cor/raça (branca, preta, amarela, parda, indígena), municípios da federação (Manaus, Interior). Resultados: Foram detectados 5.002 casos de tuberculose na faixa etária de 0 a 19 anos durante o período de estudo, desses 2.733 (54,64%) casos ocorreram no sexo masculino e 2.269 (45,36%) no sexo feminino. A maior incidência foi na faixa etária de 15 a 19 anos (58,92%), seguida de 10 a 14 anos (16,05%), 1 a 4 anos (9,89%), 5 a 9 anos (9,88%) e menos de 1 ano (5,26%). Em relação à cor/raça, a maior incidência foi encontrada na população parda (74,96%). Ao longo dos 11 anos de estudo, mais da metade dos casos (75,81%) ocorreram na capital, Manaus, enquanto o restante dos casos ocorreu nos interiores do AM. A análise epidemiológica da TB em crianças e adolescentes no Amazonas corrobora com os descritos na literatura de outros estados brasileiros, revelando uma elevada taxa em meninos de 15 a 19 anos, pardos e residentes de área urbana. Considerações finais: Os dados mostram uma concentração de casos entre os adolescentes de 15 a 19 anos, especialmente do sexo masculino e de cor parda, em Manaus. Esses resultados coincidem com achados em outras regiões do Brasil, destacando a necessidade de estratégias de prevenção e controle para esses grupos de risco. O objetivo deste estudo permite compreender que há necessidade de fomentar estratégias de melhorias na gestão da saúde pública, especialmente, nos interiores dos estados brasileiros. As estratégias incluem programas de saúde voltados para adolescentes de 15 a 19 anos e meninos; políticas públicas que reprima as desigualdades raciais; fortalecimento da infraestrutura de saúde em Manaus; oferta, programas e monitoramento de vacinação em crianças menores de 5 anos; respeito às práticas culturais indígenas; descentralização dos serviços de saúde para áreas rurais com uso de telemedicina; capacitação dos profissionais de saúde e monitoramento epidemiológico da TB.
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