Apresentação: A violência infantil, configura-se como um problema de saúde pública em parâmetro global, seja ela física, psicológica ou sexual. Estima-se que cerca de um bilhão de crianças no mundo sofrem algum tipo de violência e, no Brasil, a cada hora, quatro crianças são violentadas. No estado do Amazonas, em 2023, ocorreu um aumento de 35% nos casos de abuso em menores de 8 anos, sendo o sexo feminino o mais prevalente dentre as vítimas, destes casos, 68% são cometidos por familiares e conhecidos. Dessa forma, objetiva-se, descrever a experiência de uma acadêmica de enfermagem na assistência à uma criança vítima de violência sexual no Hospital Regional de Coari Dr. Odair Carlos Geraldo. Desenvolvimento: Refere-se a um estudo do tipo descrito, a respeito de um relato de experiência, que almeja proporcionar uma análise acerca do papel do profissional de enfermagem na assistência ao paciente infantil vítima de violência. Os cuidados foram efetuados no setor da pediatria do hospital, onde foi realizado anamnese, solicitação de exames, administração de medicação e atividades de recriação com a cliente. Resultados: O estágio da disciplina de saúde da criança faz parte da grade curricular obrigatória do curso de enfermagem, sendo realizado tanto na atenção básica, quanto no hospital. A duração da prática hospitalar foi de duas semanas no setor de pediatria, onde o referido caso foi registrado. A criança, do sexo feminino, três anos de idade, foi admitida no setor devido sangramento vaginal, dor pélvica e suspeita de ruptura do hímen, sinais de alerta para violência sexual, e durante todo o período de internação estava acompanhada da genitora. Foram realizados exames de conjunção carnal e exame físico geral e específico pela equipe médica e de enfermagem, onde observou-se que a criança não apresentava relutância para os exames mais invasivos, permitido o exame físico ginecológico com naturalidade, fato considerado anormal para qualquer criança. Sua mãe, no entanto, apresentava-se desconfortável com a situação e com os procedimentos legais que foram solicitados, demonstrando nervosismo e negando qualquer ocorrência de abuso a criança. Durante a hospitalização, a acadêmica ficou responsável por coletar a anamnese, realizar a administração dos medicamentos prescritos, contatar o serviço social para averiguar a situação e acompanhamento da criança na realização de exames complementares, como a ultrassom abdominal, além de realizar atividades recreativas com a paciente, pois por se tratar de uma criança, o ambiente hospitalar lhe causava certo aborrecimento, neste sentido, prescrições de enfermagem específicas para crianças foram aplicadas. Considerações finais: O estágio em pediatria foi fundamental para o aprimoramento da consciência pessoal e profissional da acadêmica. O caso de violência infantil demonstrou-se desafiador, pois o assunto é repassado de forma teórica, no entanto, na prática, cada cliente apresenta sua particularidade e cabe ao profissional se adaptar a cada situação, buscando ofertar a melhor assistência possível. A criança recebeu alta dias depois e ficou sob supervisão do conselho tutelar. A experiência, apesar de revoltante, foi essencial para que um pensamento crítico e o conhecimento acerca da temática fossem aprimorados, acarretando no aperfeiçoamento profissional.