Apresentação: Em regiões com enchentes e inundações recorrentes, é prioridade das secretarias de saúde o combate a doenças que são transmitidas pelo contato da pele com o patógeno, como a leptospirose. Sua transmissão ocorre por meio do contato com urina de roedores infectados, e sua transmissibilidade aumenta com o aumento expressivo do nível de rios ocasionada por maiores índices pluviométricos, como é o caso do atual estado de emergência do Rio Grande do Sul. Desta forma, o objetivo do presente trabalho é avaliar se há correlação entre o número de casos de leptospirose em Porto Alegre em 2022 e a variação da pluviosidade monitorada pela estação meteorológica Jardim Botânico de Porto Alegre. Metodologia: Trata-se de um estudo longitudinal sobre a leptospirose e a variação da pluviosidade em Porto Alegre. Os dados da zoonose foram obtidos pelo SINAN, disponível no DATASUS. Os dados pluviométricos foram obtidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Os dados foram analisados por estatística descritiva (medidas de tendência central, de posição e de dispersão). Não foi necessária a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa uma vez que as informações são de domínio público. Resultados: No período observado, em Porto Alegre, foram notificados 53 casos de leptospirose, sendo março o mês com a maior notificação (12) e maiores níveis de pluviosidade (184,8). Ainda que em janeiro tenha ocorrido o maior volume de chuvas (195,2), o número de casos notificados (2) foi inferior aos outros oito meses do mesmo ano. Em fevereiro, o segundo mês com maior quantidade absoluta de casos (8), foram observados os menores níveis anuais de pluviosidade (29). Nos meses de junho, outubro e dezembro foram observados apenas 1 caso em cada mês, e pluviosidades de 99, 96,2 e 63,6 milímetros de chuva respectivamente. Abril, maio, agosto e setembro registraram 2, 7, 6 e 3 casos respectivamente, acompanhados dos índices de pluviosidade nesta ordem 116,2; 153,8; 103,6 e 73,2. A quantidade média e a mediana de casos foi de 4,41 e 4, respectivamente. A pluviosidade média e mediana foram de 109,75 e 101,3, respectivamente. Quando feita análise de correlação entre as variáveis, foi encontrada uma correlação direta, mas desprezível (R=0,225). O coeficiente de regressão linear demonstrou alta dispersão dos dados (R2=0,051). Considerações finais: Diante do exposto, pôde-se concluir que não há correlação significativa entre os índices pluviométricos e o número de notificações de leptospirose em Porto Alegre-RS. Apesar de o maior volume de chuva resultar em aumento do nível dos rios, propiciando enchentes e inundações que aumentariam a transmissão do patógeno, não foi encontrada correlação. Assim, infere-se que os fenômenos naturais têm impacto menor do que se hipotetiza na quantidade de casos de leptospirose e que são necessários mais estudos para o entendimento epidemiológico dessa zoonose.