Apresentação: O envelhecimento, enquanto condição do desenvolvimento humano, apresenta diversas mudanças no campo biológico, social e psicológico, com um número significativo de perdas que podem levar o sujeito à situações de depressão e ansiedade, entre outras comorbidades. Para fins de prevenção de tais quadros, é necessário um suporte maior de atividades que valorizem e estimulem as competências dos idosos e sua dinâmica de autocuidado em seu cotidiano. Nesse sentido, a Atenção Primária à saúde, principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), aparece como fundamental aliada na prevenção de doenças e no controle de agravos. Para o presente estudo, buscou-se relatar a experiência de um grupo de idosos de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) com aulas de teatro, enquanto intervenção terapêutica e recurso de cuidado à saúde. Os temas trabalhados por meio do uso de exercícios, jogos e técnicas teatrais, contribuíram para, de forma criativa e humanizada, inserir práticas referentes ao cotidiano dos idosos e autocuidado de maneira geral. Método de estudo: Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo, da participação, voluntária, de um multiartista e sociólogo paraense com aulas de teatro para o grupo de idosos cadastrados no Programa Saúde da Pessoa Idosa de uma Unidade Básica de Saúde da cidade de Belém/PA. Os encontros foram realizados 1 vez por mês, em um período de 3 meses, na sala de reunião da própria UBS. O grupo era composto somente por mulheres. Resultado: A população participante aceitou a ideia de forma unanime e colaborativa, uma vez que impulsionou o interesse sobre a atividade, até então desconhecida pela maioria. A experiência propiciou maior aproximação do grupo e presença nas reuniões semanais. A atividade promoveu, também, uma melhora na autoimagem das idosas, estímulo à consciência corporal e diminuição do isolamento, além de estimular memória e criatividade entre o grupo. A forma inovadora de se relacionar com o mundo e o lúdico ao abordar temas da velhice deu voz à comunidade em seu processo de cuidado, com maior autonomia sobre o que seria feito em cada reunião. Considerações finais: O teatro, enquanto forma privilegiada de intervenção e participação, promoveu a quebra da rigidez dos modelos tradicionais de cuidado e trouxe melhora na qualidade de vida das idosas, com oportunidade de expressar sua individualidade e implicar-se no seu processo de cuidado. Por isso, essa atividade deve ser mais explorada nos territórios e instituições. Os resultados apontam para a necessidade de novas pesquisas na área.