Perfil sociodemográfico dos estudantes de medicina da UFFS

  • Author
  • Rodolfo Tenório da Fonseca
  • Co-authors
  • Otávio Ananias Pereira da Silva Ribeiro , Nina Ferreira Brandão , André Firmino Neves , Lauri Elemar Stahl , João Ricardo Leite Rodrigues , André Paulo Turcatel , Symon Martins , Yenidis Teilor Schelbel , Gabriel Tamazia , Graciela Soares Fonseca
  • Abstract
  • Apresentação

    O estudo do perfil sociodemográfico dos estudantes de medicina é essencial para compreender as dinâmicas sociais e educacionais que influenciam a trajetória acadêmica. Este trabalho tem como objetivo traçar um perfil detalhado dos estudantes da 9ª turma do curso de medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó, abordando aspectos como idade, gênero, renda familiar, naturalidade, estado de procedência, escolaridade dos pais, tipo de escola frequentada no ensino médio, meio de subsistência, auxílio financeiro, chamadas para matrícula, tentativas de ingresso no curso, presença de graduação ou pós-graduação prévia, motivos para a escolha do curso e da UFFS, intenção de fazer residência ou especialização, e cursinho pré-vestibular. A análise desses fatores pode fornecer informações importantes para a formulação de políticas educacionais e de suporte estudantil.

     

    Desenvolvimento do Trabalho

    Trata-se de estudo descritivo, transversal, cujos participantes foram os estudantes do curso de graduação em medicina da UFFS, campus Chapecó, matriculados na 9ª turma (ingressantes em 2023.2), totalizando 38 participantes de pesquisa. Os dados foram coletados por meio de questionário eletrônico no mês de junho de 2024 e analisados por meio de estatística descritiva.

    O projeto de pesquisa foi avaliado pelo Comitê de Ética da UFFS e aprovado por meio do parecer 2.661.146 emitido em maio de 2018.

     

    Resultados

    Os resultados revelam um panorama diversificado dos estudantes de medicina da UFFS, campus Chapecó. A idade dos estudantes varia entre 19 e 40 anos, com uma mediana de 24,5 anos e uma média de 25,11 anos. Em relação à renda familiar, os valores mensais variam entre R$1.000 e R$20.000, com uma mediana de R$6.000 e uma média de R$7.876. Quanto ao gênero, 55,3% dos estudantes são do sexo masculino, enquanto 44,7% são do sexo feminino. No que se refere à naturalidade, a maioria dos estudantes é oriunda de Santa Catarina (27%), seguida pelo Paraná (18,9%) e Rio Grande do Sul (8,11%). Também há estudantes de diversos outros estados e um estudante da França. Em relação ao estado de procedência antes de iniciar o curso, 47,4% dos estudantes vieram de Santa Catarina, 13,2% do Paraná e 7,89% de Alagoas.

    A composição familiar dos estudantes indica que a maioria (37,8%) pertence a famílias compostas por quatro pessoas. A escolaridade dos pais varia, com 39,5% dos pais tendo completado o ensino médio e 18,4% possuindo ensino superior completo. Para as mães, 36,8% possuem ensino superior completo e 28,9% completaram o ensino médio. A grande maioria dos estudantes (86,8%) cursou o ensino médio totalmente em escola pública. Em relação ao meio de subsistência em Chapecó, 73,7% dos estudantes não têm renda própria e são financiados por suas famílias. Além disso, 28,9% recebem algum tipo de auxílio financeiro da UFFS, principalmente auxílio alimentação e transporte.

    Sobre a chamada para matrícula, 39,5% foram chamados na primeira e segunda chamadas, respectivamente. Quanto às tentativas de ingresso no curso, 31,6% dos estudantes tentaram ingressar no curso cinco ou mais vezes. Em relação à presença de graduação ou pós-graduação prévia, 26,3% dos estudantes possuem graduação prévia e 15,8% têm pós-graduação. Os principais motivos para a escolha do curso de medicina incluem a identificação pessoal (50%) e a busca por independência financeira (23,7%). Em relação ao local onde desejam exercer a profissão, 42,1% dos estudantes pretendem trabalhar em hospitais públicos. A maioria dos estudantes (97,4%) pretende fazer residência médica, com áreas de interesse variando amplamente. Além disso, 44,7% pretendem fazer especialização, com muitos ainda indecisos sobre a área específica. A maioria dos estudantes (69,2%) fez cursinho pré-vestibular, com a maior parte cursando por um ou dois anos. A identificação pessoal (50%) e a busca por independência financeira (23,7%) foram os principais motivos para a escolha da UFFS.

     

    Considerações Finais

    O perfil sociodemográfico dos estudantes de medicina da UFFS reflete uma realidade complexa e multifacetada, evidenciando uma diversidade de experiências, aspirações e desafios enfrentados por esses futuros profissionais da saúde. Os resultados obtidos a partir da análise estatística descritiva dos dados revelam aspectos cruciais que merecem ser discutidos e considerados para o desenvolvimento de estratégias que promovam o bem-estar, a inclusão e o sucesso acadêmico desses estudantes. Primeiramente, é fundamental destacar a heterogeneidade observada em termos de origem geográfica, composição familiar e condições socioeconômicas dos estudantes. A presença de estudantes de diferentes estados brasileiros e até mesmo de outros países demonstra a abrangência e a diversidade da UFFS como instituição de ensino superior. Esse aspecto ressalta a importância de promover políticas de acolhimento e integração que valorizem a diversidade cultural e social, garantindo um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os estudantes.

    No que diz respeito à renda familiar e ao meio de subsistência, os resultados indicam uma grande proporção de estudantes que dependem financeiramente de suas famílias, bem como uma significativa parcela que recebe auxílio financeiro da própria universidade. Esses dados evidenciam a relevância de programas de assistência estudantil, tais como bolsas de estudo, auxílios alimentação e transporte, moradia estudantil, entre outros, que contribuem para reduzir as desigualdades socioeconômicas e promover a equidade no acesso à educação superior. Outro aspecto relevante é a motivação dos estudantes para ingressar no curso de medicina e para escolher a UFFS como instituição de ensino. A identificação pessoal com a profissão e o desejo de contribuir para o bem-estar e a saúde das pessoas emergem como os principais fatores motivacionais. Além disso, a busca por independência financeira e a influência familiar também são mencionadas como importantes determinantes na escolha do curso e da universidade. Esses resultados ressaltam a importância de promover uma formação médica pautada por valores éticos, humanitários e comprometidos com o serviço público de saúde.

    Quanto às aspirações profissionais dos estudantes, a maioria demonstra interesse em atuar no sistema público de saúde, especialmente em hospitais públicos e Unidades Básicas de Saúde. Além disso, a intenção de realizar residência médica e especialização evidencia o comprometimento dos estudantes com a formação continuada e com a excelência na prática clínica. Nesse sentido, é fundamental que a UFFS ofereça suporte e incentivo para que os estudantes alcancem seus objetivos profissionais, proporcionando acesso a programas de residência, estágios supervisionados e atividades de extensão que contribuam para o desenvolvimento de habilidades clínicas e científicas. Nesse contexto, é importante ressaltar a importância do diálogo contínuo entre a comunidade acadêmica, os gestores universitários e os órgãos responsáveis pela formulação de políticas educacionais. A partir da compreensão das demandas e necessidades dos estudantes, é possível promover ações que fortaleçam o ensino, a pesquisa e a extensão, garantindo uma formação médica de qualidade e comprometida com a promoção da saúde e o bem-estar da sociedade.

  • Keywords
  • Equidade, Formação médica, Políticas educacionais.
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
Back