Apresentação: O Transtorno do Espectro Autista – TEA, é um transtorno de neurodesenvolvimento, caracterizado por padrões de comportamentos verbais, não verbais e físicos. Essa condição, é singularizada por desafios, e muitos desses estão associados às dúvidas, tanto dos familiares quanto dos profissionais da educação e da saúde. Isso porque, o desconhecimento sobre o novo pode causar estranhamento nas famílias e nos profissionais que fazem parte da rede de atenção. Concomitante a isso, o TEA é uma temática salutar para o diálogo informacional com às famílias e profissionais, haja vista que os trabalhadores dessas áreas com formações distintas, devem articular os seus saberes para beneficiar os cuidadores de indivíduos com esse transtorno. O TEA pode comprometer os sentidos voltados para cheiros ou sons, sendo assim, pode haver uma desregulação sensorial. Sendo assim, as crises sensoriais podem afetar qualquer um dos sentidos, como o paladar, o olfato, o toque, a visão, a audição. No TEA, essas crises podem ocorrer de variadas intensidades e formas. É importante frisar que os profissionais capacitados colaboram com o processo de identificação de sinais e sintomas desse transtorno, bem como na assistência em situações de crise, além da realização de uma atenção de cuidado integralizado, atentando-se aos determinantes sociais nos múltiplos contextos de vida do indivíduo, levando-se em consideração fatores bio-psico-sociais, através de uma articulação tanto da saúde quanto da educação. Esse processo, também permite e fortalece à busca por acompanhamento multiprofissional, aceitação do diagnóstico, intervenções necessárias e empoderamento de conhecimento. Vislumbrando-se que, uma família detentora de conhecimento repasse para outras, assim como os profissionais inseridos em uma equipe. Outrossim, os grupos educacionais sobre TEA possuem papel importante na qualificação de profissionais e familiares, garantindo mais acesso e informação. Logo, traçar estratégias dentro de um contexto global de empoderamento de conhecimento grupal permite o cuidado integral da família, através da corroboração de profissionais capacitados. Assim sendo, este tem como objetivo relatar a vivência ocorrida através de um grupo educacional para familiares e profissionais da saúde e da educação sobre o Transtorno do Espectro Autista. Desenvolvimento do trabalho: Trata – se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, ocorrido através de uma roda de conversa com professores do Atendimento Educacional Especializado – AEE, pedagogos, professores do ensino regular, e familiares atípicos – sobre “Como lidar com crianças e adolescentes autistas em situação de crise sensorial”. Esse, foi realizado por meio de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil – CAPSi, localizado em Santarém-Pará, com o intuito de fornecer um espaço de conhecimento, escuta, trocas de saberes, e trocas de informações de acordo com as necessidades particulares de cada família, bem como dos profissionais da educação e da saúde. Essa roda de conversa foi realizada nas dependências de uma escola pública. Durante o processo, foi realizada à formação da roda de conversa, sendo baseada em um roteiro, no qual emergiram três categorias: a primeira consistiu em uma abordagem situacional, na qual os participantes se apresentaram, e posteriormente, realizou-se a dinâmica das tarjetas, com o intuito de identificar quais experiências eles tinham em relação à criança e/ou adolescente em situação de crise. A segunda categoria estava voltada para o vínculo professor-aluno-família. Enquanto que na terceira categoria dialogou-se sobre como proceder em situações de crises sensoriais no TEA. Durante todo o processo utilizou-se do diálogo qualificado, participativo e empático. Resultados: Notou-se através da primeira categoria, na qual os participantes escreveram sobre os seus sentimentos quando presenciavam uma crise sensorial, que esses perpassavam por desafios diários, como pode-se verificar através palavras e frases escritas nas tarjetas: “Desamparo”, “Medo”, “Impotência”, “Angústia”, “Apreensão”, “Desafio”, “Tentar acalmá-la com algumas ações”, “Reforço positivo”. Em relação a segunda categoria, verificou-se que os professores apresentavam dificuldades em lidar com às crianças e adolescentes atípicos quando estes começavam a demonstrar sinais de desregulação sensorial, através das falas: “Ele começou a andar pela sala, ele levantou da cadeira e começou a andar de um lado pro outro, e eu não sabia o que fazer”, “Ela ficou chateada, acho que estava quente, chegou na sala agitada, e eu demorei pra iniciar a aula do AEE, por que ela não estava bem”, “Às vezes eu não sei o que fazer”, “Já aconteceu de eu chamar um colega para ficar na sala comigo”, “Os comportamentos não são iguais de um para o outro, tem um que gosta de abraço, outro que não”, “Ele ficou agitado e começou a mexer nas cadeiras, eu tive que chamar uma outra pessoa pra ficar na sala comigo, e ligar pra mãe dele”; enquanto que às falas dos familiares estiveram voltadas para comportamentos que não sabiam lidar, como: “Ela chora muito, eu queria entender”. Além disso, foi abordado sobre a importância da família ter vínculos de diálogos com a escola, e essa possuir uma rede de apoio empático. Enquanto que na terceira categoria explicou-se sobre os procedimentos a serem realizados quando uma criança ou adolescente entra em crise sensorial, no intuito de fornecer conhecimento sobre a importância de criar um ambiente seguro para si e para outro, além das decisões a serem tomadas em casos de gravidade. Por conseguinte, realizou-se orientações gerais e disponibilizou-se um espaço para que os participantes pudessem expressar suas dúvidas e sugestões. Nesse momento, alguns profissionais e familiares expressaram-se sobre o desafio em lidar com o público atípico, bem como sobre a exaustão mental e física, do dia a dia. Considerações finais: Portanto, a orientação grupal sobre TEA para os familiares-cuidadores-profissionais fortalece a identificação, a avaliação e a realização do acompanhamento; sanando dúvidas e criando estratégias para perpassar as dificuldades enfrentadas, encorajando a educação em saúde para as famílias, e a educação permanente para os profissionais da rede de atenção. Sendo assim, é imprescindível reforçar as inter-relações das crianças e adolescentes atípicos, para que a extensão desses possuam espaços de diálogo e conhecimento, frente as dúvidas, e os impactos socioemocionais apresentados. Ademais, o grupo realizado propagou informações sobre TEA, como peça chave para identificação, aceitação e acompanhamento de indivíduos com esse transtorno do neurodesenvolvimento, haja vista que a compreensão da família, assim como de profissionais sobre o tema, quebra paradigmas e aproxima os cuidadores da rede de atenção.