Apresentação: A Atenção Primária à Saúde (APS) enfrenta desafios ao fornecer atendimento de urgência de baixa complexidade para pacientes que chegam espontaneamente. Consequentemente, muitas pessoas optam pelos serviços de pronto atendimento de emergência, buscando uma resposta imediata ao seu problema de saúde. A discussão enfrenta o desafio de conectar os fatores que predizem o uso não urgente dos serviços de saúde com a própria definição do que constitui um uso não urgente. Por exemplo, as unidades básicas de saúde atendem diariamente uma proporção maior de idosos do que as unidades de pronto atendimento. Isso sugere que o vínculo com a APS pode resultar em maior adesão para atendimentos de baixa urgência, destacando a relação entre a percepção da gravidade do problema de saúde e o vínculo estabelecido com o serviço de atenção primária. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo transversal realizado em um Pronto Atendimento em Vitória, Espírito Santo, com uma amostra de 1217 indivíduos. Utilizou-se um questionário estruturado abordando questões sociodemográficas, características do motivo da busca ao PA, gravidade do problema atual, entre outros. As variáveis analisadas incluíram a percepção de gravidade do problema de saúde e a continuidade com a atenção primária à saúde. Os dados foram analisados utilizando o teste do qui-quadrado, com nível de significância de 5%. Resultados: Na amostra composta majoritariamente por mulheres (62,4%) com faixa etária entre 18 a 44 anos (67,8%), ao se questionar sobre a percepção de gravidade dos usuários do PA, observou-se que 76,17% consideravam que o problema de saúde era muito grave e necessitava de tratamento imediato. Ao analisar o vínculo com a atenção primária, 72,19% da amostra afirmou que tinha uma unidade básica de saúde onde costumava buscar atendimento quando apresentava problemas de saúde. Por conseguinte, foi feita a análise do desfecho da gravidade do problema, observando que 77,02% dos indivíduos que não possuem vínculo acham que seu problema de saúde é grave, enquanto entre as pessoas que possuem vínculo essa proporção é de 75,85%, resultando em um valor-p de 0,676. Em outro momento, a fim de analisar a influência da idade, foi realizada a análise estratificada por idade revelou que 81,82% das pessoas com mais de 60 anos e com vínculo na APS consideram seu problema de saúde grave, em comparação com 84,21% sem vínculo, com um valor p de 0,798, sugerindo pouca variação nos desfechos com base na faixa etária. Considerações finais: Os resultados deste estudo revelaram que o vínculo com a atenção primária em saúde, embora essencial para a continuidade do cuidado, não influenciou na percepção de gravidade da amostra na busca por atendimento médico em serviço de urgência, refutando a hipótese inicial do estudo. Em síntese, sugere-se que o vínculo com a atenção primária não está sendo de qualidade a ponto de garantir a busca por atendimento em serviços de urgência em situações de maior gravidade e que exigem atendimento imediato, ou a acessibilidade às unidades básicas de saúde não está sendo garantida.