Tema: Doença de chagas aguda no Pará: análise epidemiológica no período de 2017 e 2021
Apresentação: A Doença de Chagas Humana é classificada como uma doença tropical negligenciada causada pelo Trypanosoma cruzi, cujo vetor de transmissão é o inseto barbeiro. Dentre os modos de transmissão da doença, há a infecção por via vertical, devido às características hematófagas do inseto vetor, oral, vetorial ou por transfusão sanguínea. É válido ressaltar, ainda, que, após a infecção, a doença pode ser dividida em duas fases, aguda e crônica, sendo a fase aguda o foco do trabalho. No Brasil, a região amazônica é vista como endêmica para a doença, onde o estado com maior taxa de incidência é o Pará. Nesse cenário, objetivou-se analisar os indicadores epidemiológicos que se relacionam com a Doença de Chagas Aguda (DCA), como sexo, faixa etária, etnia e modo de infecção provável, no Pará no período de 2017 a 2021.
Desenvolvimento: Trata-se de um estudo ecológico de caráter analítico e quantitativo com estatística inferencial mediada pelo teste qui-quadrado (X²) de independência, com resultados significativos obedecendo o valor (p < 0,05), e pelo coeficiente V de Cramér, V ? 0,2 (fraca associação); 0,2 ? V ? 0.6 (moderada associação); V ? 0.6 (forte associação), para analisar variáveis epidemiológicas. Os dados foram obtidos através do banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) no Sistema de Informação de Agravos Notificáveis (SINAN). Foi dispensada submissão e aprovação do Comitê de Ética por se tratar de dados obtidos em fontes secundárias.
Resultados: No período analisado, foram notificados 1.225 casos de DCA no Pará, sendo observado um maior número no ano de 2018 com 289 casos da doença (23,59%). Observou-se estatística significativa entre variáveis epidemiológicas analisadas, exceto sexo (p > 0,05), além de forte associação entre os casos registrados para faixa etária (4,25) e moderada associação para etnia (0,267) e forma provável de infecção (0,21). Houve prevalência de notificação com a forma provável de infecção oral, 1.073 casos totais registrados (87,59%), sobretudo no segundo semestre de cada ano, com pico no mês de setembro.
Considerações finais: Observa-se que o Pará exibiu um quantitativo relevante de casos de DCA, com modo de infecção oral sendo predominante e com maior expressividade no segundo semestre de cada ano, sugerindo relação entre a infecção oral e o período de safra do açaí. As variáveis epidemiológicas relevantes estatisticamente foram faixa etária, etnia e modo de infecção provável, o que justifica a importância de estudos epidemiológicos a fim de verificar e nortear um planejamento estratégico de atividades de vigilância à saúde que busquem o controle da doença.