Este trabalho é uma análise antropológica desenvolvida a partir de material etnográfico coletado e reunido com objetivo de entender o acesso, o não acesso e as violências sofridas por pessoas LGBTQIAP+ egressas do sistema prisional a partir da experiência de socialização, capacitação e inclusão feitas pelo projeto Casa Diversa e pelo projeto em que se originou, o Diversidade à Mesa. A revisão bibliográfica e documental contextualiza a dura realidade das pessoas que cumpriram pena em presídios e tentam se recolocar socialmente em trabalhos e ocupações formais, uma vez que sejam egressas do sistema prisional, e as dificuldades de acesso a alimentos seguros e saudáveis. A pesquisa parte do entendimento de que alimentação é uma fator cultural, mas também um elemento chave para promoção da saúde. A coleta de relatos e falas nativas demostraram um cenário ainda mais preocupante. As violências e exclusões sofridas por essas pessoas levam a um quadro de insegurança alimentar grave e uma diminuição significativa da expectativa de vida. Essa expectativa pode afetar a percepção do que é alimento, do que é seguro e do que é saudável em uma perspectiva simbólica e cultural. O Direito Humano a Alimentação Adequada é constantemente violado nas exclusões que as pessoas cursantes do programa Casa Diversa sofrem cotidianamente dentro e fora do presídio. O Curso é justamente um espaço e momento de mudança dessa realidade e proporciona não apenas a inclusão de pessoas com esse perfil em empregos formais e com dignidade, como também treina as empresas para recebê-las. Os relatos coletados permitem concluir que os projetos têm um efeito muito importante, inclusive em relação a redução de danos quando necessária e promoção de qualidade e maior expectativa de vida. Ainda é possível perceber que o DHAA pleno e funcionando é uma busca que só se efetivará depois de uma profunda mudança cultural que permita uma percepção do mundo e de uma sociedade que desnaturalize as situações de opressão e violação de direitos. Alimentação e Segurança alimentar dependem não apenas do comer, mas do cozinhar, do compartilhar e de outras comensalidades que acontecem à mesa. O Trabalho ainda expõe políticas públicas e inciativas internacionais que, atualmente, têm contribuído para uma mudança positiva nessa realidade.