Resumo Simples: A autora aborda relato de experiência do acolhimento psicológico presencial, um serviço de apoio emocional que não tem caráter de psicoterapia nem se caracteriza como serviço de urgência e emergência psicológicas, visa ofertar escuta para a dor e o sofrimento psíquico, sem agendamento prévio. Realiza-se na Clínica-escola de Psicologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Trata-se de fragmentos da narrativa de uma situação de violência contra uma mulher que se declara preta. A marcação da alteridade pela cor da pele parece enlaçar a subjetividade, colocando em evidência um preto corpo de mulher, violentado, desnorteado. Objetiva-se refletir a experiência de sofrer discriminação racial e ser acolhida por uma psicoterapeuta preta. Constatou-se que a escuta psicanalítica que se põe a mediar o ato racista, quando engendra postura ética sensível à alteridade, ela é capaz de ser ferramenta para o enfrentamento do desamparo, no espaço psicoterapêutico. Conclui-se que a demanda por cuidado em saúde mental, evidenciou as subjetividades implicadas e colocou o desafio de se buscar compreender os diversos fatores emocionais envolvidos na questão, bem como, pensar a construção de outras metodologias de abordagem para a problemática.