Apresentação: A formação de professores para o Ensino em Saúde tem sido alvo de debates e diferentes estratégias vem sendo criadas em cursos de pós-graduação no país, assim como a busca por novos referenciais. A necessidade de considerar novos referenciais para a formação de profissionais da saúde inside no fato de que o Ensino em Saúde vem sendo impactado pela mudanças constantes dos cenários de práticas, exigindo das Insitituições de Ensino Superior (IES) maior abrangência curricular e metodológica, atitude interdisciplinar, atenção para a implementação de ações que permitam a adoção de práticas colaborativas no trabalho em equipe. Dessa forma, a formação assume o centro para a revisão do trabalho em saúde, Nesse sentido, as IES vêm cada vez mais desenvolvendo atividades de pesquisa e extensão interdisciplinares que permitam aproximações com a realidade das diferentes populações, na tentativa de estreitar relações entre teoria e prática. Novos paradigmas estão sendo adotados na formação profissional e estimulados pelas políticas governamentais no âmbito da formação em saúde, de forma a atender as multiplas e complexas demandas sociais, a interprofissionalidade é apresenta no bojo dessas transformações. A Educação Interprofissional (EIP) constitui estratégia para criação de práticas colaborativas em equipes de saúde, onde profissionais de diferentes áreas aprendem sobre si, sobre os outros e com os outros, e com isso possam, em processos de colaboração, estabelecer planos terapêuticos de forma coletiva, planejar ações de saúde em parcerias com foco na efetividade do atendimento e comunicação em saúde. Nos últimos dez anos varias experiências exitosas foram desenvolvidas no país com as práticas inteprofissionais colaborativas, seja na formação quanto no serviço, contudo, estas iniciativas ainda constituem uma ilha no mar de instituições, sejam elas de formação ou de assistência à saúde. Neste sentido, o Ministério da Saúde (MS) em parceria com o Ministério da Educação (ME) lançou o edital PET/Saúde-Interprofissionalidade em 2019. A Universidade do Estado do Pará – Campus de Santarém, aprovou um projeto nesse edital. Como produto desse trabalho foi planejado e vivenciado dois eixos curriculares de EIP com alunos e preceptores do projeto, com a perspectiva de institucionalizar esses eixos curriculares como formação complementar a todos os alunos dos cursos da saúde. Para isso, há que se capacitar professores a fim de que possam somar esforços nessa jornada da interprofissionalidade. Neste sentido, surgiu o interesse em ofertar um curso de Educação Interprofissional (EIP) aos docentes da Universidade. Objetivo: relatar a vivência em um curso de formação para docentes dos cursos da saúde, na perspectiva da educação interprofissional (EIP), com vista sensibilizar e capacitar os docentes e assim ampliar a rede de adeptos da EIP no campus da UEPA/Santarém. Desenvolvimento do Trabalho: o curso foi desenvolvido em cinco dias, com carga horária de 4h diárias. O convite para participação foi feito por meio do grupo de whatzapp dos docentes da UEPA/Santarém e um formulário via google forms foi disponibilizado para inscrição. O projeto inicialmente foi pensado para 80 professores do Campus, contudo, apenas sete se inscreveram, ampliamos a divulgação para outras Instituições de Ensino Superior do município e alunos das residências multiprofissionais e tivemos então, 30 inscrições. Resultados: o curso foi dividido em duas etapas, na primeira trabalhamos o conceito e histórico da Educação Interprofissional, os indicadores que interferem na sua implantação na área da saúde. O arcabouço teórico e evidências cientificas que sustenta a EIP no mundo e no Brasil. O Movimento Regional e Global de EIP, e experiências exitosas no Brasil. Na segunda etapa, mediante uso de metodologias ativas, abriu-se espaço para relatos e trocas de experiências dos participantes sobre EIP. Discussão sobre os desafios e aspectos que inviabilizam a implantação da EIP. Discussão de casos clínicos e previsão de condutas terepêuticas interprofessional. Como sistema de avaliação, foi dividido os participantes em grupos de cinco pessoas, garantindo a interprofissionalidade entre eles, e foi pedido um planejamento estratégico para a implantação da EIP em uma Instituição de Ensino Superior e em um ambiente de assistência à saúde, criando metas, procedimentos, público-alvo e período. Ao fim da tarefa cada grupo fez a apresentação de sua proposta e foi discutido a viabilidade de cada uma. Por fim, abriu-se uma roda de conversa para que cada participantes fizesse uma auto-valiação e um relato das impressões e vivências no curso, avaliando todas as atividades desenvolvidas. Os participantes destacaram que o curso permitiu conhecer a EIP e abriu portas para outras possibilidades de interação e colaboração, tanto no ensino quanto na assistência; permitiu sair da caixa e perceber que a atividade colaborativa não diminui nenhum profissional, pelo contrário, permite maior conhecimento e segurança no cuidado. Além disso, destacaram que foi possível perceber a possibilidade de um leque de possibilidades de ações de ensino, pesquisa e extensão no contexto da EIP, com indicação de produção de experiências podem somar conhecimentos ainda insipientes no Brasil. O projeto contribui também para pensar novas estratégias de abordagem acadêmica para desenvolver e ampliar a discussão sobre a EIP na Universidade. É importante frisar que antes de iniciar o curso foi feito uma avaliação diagnóstica para levantar os conhecimentos iniciais dos participantes sobre a EIP e, no fim do curso, o mesmo instrumento foi aplicado para uma avaliação final, com o objetivo de verificar o progresso no conhecimento e na percepção do que é atividade colaborativa e de sua importância no contexto da formação e do serviço de saúde. Os resultados indicaram um avanço de 100% da aprendizagem. Conclusão: ao concluirmos o curso avaliamos que a realização do projeto foi positiva, mas que para uma segunda oportunidade seria necessário avaliar melhor o período, carga horária e forma de oferta do curso, para viabilizar maior participação dos docentes, inclusive pensar em uma estratégia de curso a distância. Como ponto positivo destacamos a presença de tutores, preceptores e residentes, isso permitiu a troca de experiências e o pensar interprofissional na assistência, o que trouxe discussões importantes para o grupo. O objetivo inicial de sensibilizar professores do Campus para a implantação da EIP para os cursos da saúde não foi alcançado, contudo, avaliamos que a primeira experiência com formação em EIP foi gratificante, pois além de trazer preceptores, tutores e residentes para conhecer a EIP e as vantagens de sua utilização, um grupo de alunos e professores saíram do curso com a intenção de montarem um planejamento estratégico para levar a EIP para a residência multiprofissional. Nesse sentido, avaliamos que o curso lançou uma semente entre os participantes com possibilidades de ser germinada para florescer. Atualmente, uma professora do Campus, ex-coordenadora da residencia multiprofissional, está realizando seu trabalho de doutoramento em EIP, com a previsão de criação de um produto que possa falicitar a sua implantação e utilização da prática interprofessional na residência multiprofissional.