Resumo
Objetivo: Apresentar a mandala participativa como um recurso didático-pedagógico estratégico no desenvolvimento do autocuidado de obesidade, diabetes Mellitus (DM) tipo 2 e hipertensão arterial (HAS) na comunidade quilombola de Sucurijuquara/ PA. Método: Tratar-se-á de um estudo descritivo, de abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência acerca do processo de construção e implementação da mandala participativa como um recurso didático-pedagógico estratégico no desenvolvimento do autocuidado de obesidade, DM tipo 2 e HAS. A base teórica-metodológica utilizada na construção do estudo e da própria mandala será a pedagogia crítica freiriana. Resultados alcançados: acesso a informação da comunidade com uma linguagem acessível viabilizada por alunos e profissionais da área da saúde para exercer o autocuidado com a adoção de um estilo de vida saudável (alimentação e atividade física), assim como prevenir as complicações destas doenças crônicas; integração com as erveiras da comunidade para agregar experiências sobre o saber popular; espaço para sanar dúvidas, dividir angústias e conhecimentos sobre os agravos em questões; sensação de empoderamento de poder atuar na própria doença e capacidade de repassar o que lhes foi ensinado a pessoas que compartilham das suas comorbidades.
Palavras-Chave: Quilombolas; Obesidade; Diabetes Mellitus Tipo 2; Hipertensão; Autocuidado.
1. INTRODUÇÃO
Os quilombolas são grupos compostos por indivíduos com ancestralidade preta, como implicação da descendência africana, traficados para o Brasil entre os séculos XVI e XIX. Após a abolição da escravidão surgiram diversas comunidades quilombolas no Brasil, atualmente existem aproximadamente 2.958 comunidades em todo o país.
Nos últimos anos observa-se uma mudança no perfil epidemiológico das populações quilombolas, que atualmente estão tendo que conviver cada vez mais com as doenças crônicas, como a obesidade, diabetes e hipertensão arterial. Dessa forma, nota-se a necessidade de tomar atitudes que possam atenuar as problemáticas de saúde nas comunidades quilombolas, em que se compreenda os determinantes sociais de saúde que cercam essas comunidades
A comunidade quilombola Sucurijuquara tem a sua denominação como área cercada de igarapé de mesmo nome que significa morada de Sucurijuquara, nome de característica Tupi-Guajajara.
Nesse cenário, tornar-se relevante considerar as práticas de medicina tradicional ou popular, os saberes populares para curar enfermidades, como a utilização de plantas e ervas medicinais, sendo algo cultural e que varia de uma comunidade para outra. O uso de plantas medicinais é considerado uma das principais formas de tratamento de doenças na Região Amazônica, em que se considera o cenário cultural, as dificuldades de acesso aos ambientes que ofereçam atendimento médico, o valor menos oneroso quando comparado aos medicamentos sintéticos e a confiança.
Nessa perspectiva, esse estudo se propoem a apresentar a mandala participativa como um recurso didático-pedagógico estratégico no desenvolvimento do autocuidado de obesidade, diabetes Mellitus (DM) tipo 2 e hipertensão arterial (HAS) na comunidade quilombola de Sucurijuquara/ PA.
Método: Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência acerca do processo de construção e implementação da mandala participativa como um recurso didático-pedagógico estratégico no desenvolvimento do autocuidado de obesidade, DM tipo 2 e HAS na comunidade quilombola de Sucurijuquara no distrito de Mosqueiro, Belém/ PA. A base teórica-metodológica utilizada na construção do estudo e da própria mandala será a pedagogia crítica freiriana, ao qual coloca o sujeito e seu processo de aprendizado em uma prática dialética com a realidade.
Caracterização da área: O território quilombola de Sucurijuquara localiza-se na porção nordeste da Ilha de Mosqueiro, no Distrito Administrativo de Mosqueiro (DAMOS), Região Metropolitana de Belém (RMB), distante a cerca de 70 km do centro de Belém.
População do estudo: Atualmente, o quilombo é formado por cerca de 200 famílias, com um total de 689 habitantes de acordo com o cadastro da Associação dos Remanescentes de Quilombolas de Sucurijuba (2022), dentro de uma análise demográfica se forma a partir de 351 adultos, 67 adolescentes, 45 jovens, 83 idosos e 143 crianças. A comunidade é certificada pela Fundação Palmares desde 2013, e por sua certificação os moradores já usufruem dos direitos assegurados aos quilombos brasileiros. A população-alvo deste estudo foram adultos e idosos com obesidade, DM Tipo 2 e HAS. A amostragem ocorreu por conveniência.
Etapas do desenvolvimento das ações em saúde: Uma equipe interdisciplinar foi formada, composta de 9 membros: enfermeira (instrutora vinculada a Universidade como docente permanente); 3 acadêmicos de graduação em saúde coletiva (Belém e Capanema); 1 acadêmico de medicina (Belém); 1 acadêmico de oceanografia (representação quilombola do estado do Pará), 1 acadêmico de ciências sociais (pertencente a comunidade), 1 acadêmico de direito (pertencente a comunidade), 1 estudante de mestrado em antropologia (liderança da comunidade) - os 4 anteriormente citados, quilombolas.
Antes da ação educativa presencial na UBS Sucurijuquara, ocorrereu o planejamento estratégico e operacional por meio de 2 reuniões remotas com os alunos envolvidos no projeto para alinhamento do desenvolvimento da ação em saúde, com os seguintes temáticas: definição da cormobidade, alimentação saudável, atividade e exercício físico e práticas integrativas e complementares em saúde.
O desenvolvimento das ações em saúde na Unidade Básica de Saúde (UBS) Sucurijiquara, ocorreu da seguinte forma: roda de conversa, dinâmica de apresentação dos participantes, escuta qualificada e sensibilização relacionada as demandas relacionadas a obesidade, DM Tipo 2 e HAS da comunidade, no segundo momento ocorreu a construção da mandala participativa, com o uso de tecido chita em formato circular, e objetos físicos escolhidos pelos participantes que possam estar ancorados no autocuidado das 3 doenças crônicas selecionadas.
2. ANÁLISE E COMENTÁRIO DO CONTEÚDO
O projeto de extensão buscou suprir uma necessidade de uma parcela da comunidade quilombola que são acometidas com os agravos Obesidade, Diabetes Mellitus tipo 2 e Hipertensão Arterial. Nessa perspectiva, os resultados alcançados foram: acesso a informação da comunidade com uma linguagem acessível viabilizada por alunos e profissionais da área da saúde para exercer o autocuidado com a adoção de um estilo de vida saudável (alimentação e atividade física), assim como prevenir as complicações destas doenças crônicas; integração com as erveiras da comunidade para agregar experiências sobre o saber popular; espaço para sanar dúvidas, dividir angústias e conhecimentos sobre os agravos em questões; sensação de empoderamento de poder atuar na própria doença e capacidade de repassar o que lhes foi ensinado a pessoas que compartilham das suas comorbidades.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto de extensão foi bem-sucedido, pois o objetivo foi alcançado, houve a contribuição reciproca entre comunidade quilombola e universidade, para a construção do empoderamento ao manejo de obesidade, diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, com ênfase na realidade e nas experiências de vida dos membros dessa comunidade, elucidando estratégias de autocuidado, assim como favorecendo a minimizaçãode complicações dessas doenças crônicas.