O Sistema Único de Saúde (SUS) visa proporcionar cuidado integral e contínuo com foco na saúde com qualidade de vida, prevenção e promoção da saúde, proporcionando acesso universal ao sistema de saúde. Neste âmbito, o acesso e a utilização de serviços de saúde entre mulheres deve ser proporcionado com qualidade e excelência. Todavia, o sistema de saúde brasileiro demonstra adversidades, tais quais: desarticulação das redes, barreiras ao acesso dos serviços de saúde e escassez de suporte a prestação de serviços de saúde, os quais configuram, muitas vezes, ineficiência ao acesso, utilização e continuidade do cuidado entre mulheres.
Isto posto, o objetivo do estudo foi verificar o acesso e a utilização de consultas médicas entre mulheres, ao longo de doze meses, identificando os serviços, público ou privado, utilizados pelas mesmas. Deste modo, concerne-se de um estudo quantitativo transversal realizado no município de Vitória, Espírito Santo, com 1177 mulheres de 18 anos ou mais que tiveram, ou não, acesso à atendimento médico, possuindo, ou não, plano de saúde entre novembro e dezembro de 2019. O acompanhamento por doze meses foi realizado pelo sistema de informatização de saúde da prefeitura do município de Vitória. A análise de associação foi realizada através de regressão de Poisson no software Stata 17.
Em relação às mulheres que participaram da pesquisa, 64,4% (IC95%: 61,54 - 67,18) perceberam que precisavam de uma consulta médica, das quais 91,9% (IC95%: 89,62 - 94,18) procuraram por atendimento, sendo elas, 94,9% (IC95%: 92,17 - 96,74) mulheres com plano de saúde e 88,5% (IC95%: 84,63 - 91,49) sem plano de saúde. Ademais, 6,6% (IC95%: 4,90 - 8,74) não conseguiram ser atendidas na última vez que procuraram por consulta médica, dessas mulheres, 1,4% (IC95%: 0,59 - 3,34) possuíam plano de saúde, enquanto 12,7% (IC95%: 9,35 - 16,94) não possuíam plano, para mais, o principal motivo, 81,4% (IC95%: 66,49 - 90,61) das mulheres, pelo qual procuraram atendimento não foram atendidas foi por não ter vaga/senha disponível ou por não ter médico atendendo, das quais 86,8% (IC95%:71,48 - 94,56) não possuíam plano de saúde, ao passo que, 40,0% (IC95%: 9,55 - 80,80) dispunham de plano de saúde.
Por conseguinte, observa-se que ainda é necessário melhorias em relação ao acesso e a utilização dos serviços de saúde/consultas médicas por indivíduos do sexo feminino. Outrossim, torna-se perceptível a disparidade entre mulheres que tem posse, ou não, de plano de saúde no que se refere à utilização de serviços de saúde, haja vista a desigualdade de utilização de consultas médicas. À vista disso, nota-se que mulheres que dispunham de plano de saúde são mais propensas a manter a utilização dos serviços e a continuidade do cuidado. Estes achados destacam a importância do sistema público de saúde para a qualidade e constância do cuidado das mulheres, a fim de acabar ou, ao menos, amenizar tais disparidades.