Introdução: A violência contra a mulher é uma realidade alarmante e crescente na sociedade, representando grave violação dos direitos humanos manifestada de maneira insidiosa no cotidiano de parcela substancial do público feminino. Tal forma de opressão infringe os direitos à vida, à saúde física e mental das mulheres e compromete sua integridade física, o bem-estar emocional e psicológico. A assistência prestada por profissionais de Enfermagem a essas mulheres é atravessada por diversas limitações e potencialidades que impactam diretamente a eficácia do atendimento, visto que, embora a Lei Maria da Penha represente um avanço na luta contra a violência doméstica, persistem desafios a serem superados na prática clínica, a fim de garantir um cuidado mais humanizado e eficiente. Nesse contexto, mostra-se relevante analisar e refletir sobre a abordagem de Enfermagem a esse público, visando aprimorar a qualidade do cuidado prestado e desenvolver estratégias que reduzam os impactos negativos vividos pelas vítimas dessa violência. Objetivo: Determinar o papel da Enfermagem frente às mulheres vítimas de violência na Atenção Básica de Saúde. Método: Trata-se de uma revisão integrativa nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados em Enfermagem (BDENF) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO), por meio das palavras-chave “violência contra mulher”, “assistência de Enfermagem” e “cuidado”, incluindo trabalhos dos últimos cinco anos, no idioma português, disponíveis gratuitamente online na íntegra. Excluindo os trabalhos repetidos, foram eleitos 24 artigos para fazer parte da presente pesquisa. Resultados e Discussão: Destacam-se como aspectos cruciais para o fornecimento de apoio adequado a escuta qualificada e o acolhimento – a primeira deve ser ativa, livre de preconceitos e sensível às necessidades das vítimas, enquanto o segundo deve fortalecer a relação entre profissional e paciente, promovendo um ambiente de proteção e amparo. Além disso, a abordagem intersetorial mostra-se essencial, visto que a complexidade na identificação de sinais de abuso emerge como um desafio significativo devido à sutileza e não fisicalidade de muitas formas de violência, sendo necessário envolver diversos setores como saúde, educação, justiça e assistência social para uma intervenção holística e eficaz. Por fim, a formação e capacitação profissional emergem como componentes essenciais para uma assistência eficaz, visto que as dificuldades em reconhecer os sinais e tomar as medidas apropriadas resultam em práticas inadequadas e sentimento de impotência tanto para a vítima quanto para o profissional. Conclusão: Os resultados apontam que a identificação de sinais de abuso, fornecimento de apoio adequado e formação profissional são fundamentais para enfrentar os desafios na assistência de Enfermagem às mulheres vítimas de violência. Urge a capacitação contínua, educação permanente e a criação de protocolos específicos para o atendimento às vítimas de violência. Embora sejam identificadas diferentes limitações e potencialidades em cada área analisada, destaca-se a necessidade de apoio institucional, pesquisas contínuas e abordagens interdisciplinares mais integradas e bem estruturadas para promover uma assistência eficaz e empática.