Introdução: A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, endêmica e incapacitante considerada problema de saúde pública no Brasil e no mundo, com sintomas que progridem do nível cutâneo às manifestações nervosas, podendo atingir o sistema nervoso periférico, mucosas nasal e orofaríngea, olhos e vísceras, comprometendo todo o organismo do indivíduo. Seu diagnóstico é essencialmente clínico, confirmado com base em perda de sensibilidade, espessamento nerval, característica da lesão da pele e presença do bacilo na própria lesão. Após receber o diagnóstico, o paciente tem direito a tratamento gratuito com a poliquimioterapia (PQT), capaz de interromper a transmissão em poucos dias e alcançar a cura por completo. Embora seja necessário o acompanhamento da equipe multidisciplinar em saúde, a enfermagem desempenha papel essencial na prevenção, tratamento e cura da doença, incluindo desde a busca ativa de casos, até a educação em saúde. Considerando o protagonismo dessa classe profissional e a necessidade de compreender e sistematizar o conhecimento sobre as complicações mais comuns da hanseníase e as abordagens de manejo em Enfermagem na Atenção Básica, o objetivo deste trabalho é investigar as abordagens de manejo em Enfermagem mais eficazes na Atenção Primária à Saúde (APS) voltadas à recuperação do paciente diagnosticado com complicações associadas à hanseníase. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa na base de dados EbscoHost a partir dos descritores disponibilizados pelo DeCS/MS “Enfermagem”, “complicações”, “hanseníase” e “atenção primária à saúde”, com auxílio do operador booleano AND e o uso de aspas. Como critérios de inclusão foram considerados artigos publicados em periódicos disponíveis integralmente online nos idiomas português ou inglês, publicados entre 2019 e 2023, alcançando 44 trabalhos e, após leitura criteriosa, foram escolhidos 8 artigos para compor a presente revisão. Resultados e Discussão: As intervenções realizadas por enfermeiros visando prevenir incapacidades físicas pela hanseníase ganham destaque nessa assistência. Nesse sentido, o cuidado envolve a avaliação neurológica e do grau de incapacidade física e educação em saúde para o autocuidado. Caso a prevenção não seja efetiva e ocorram incapacidades (funções táteis e relacionadas à força muscular deficientes e dificuldade para realização das atividades de vida diária), é realizada a adaptação de calçados, férulas, instrumentos de trabalho e encaminhamento aos serviços especializados ou serviços gerais de reabilitação. Além disso, o enfermeiro realiza identificação de reações hansênicas (respostas exacerbadas aos antígenos do Mycobacterium leprae e ao seu tratamento), encaminhando ao médico para prescrição de prednisona visando o controle de manifestações inflamatórias e dano neural. Quanto aos prejuízos relacionados à qualidade de vida, por tratar-se de uma doença estigmatizante, as intervenções de Enfermagem envolvem a identificação de sinais de alerta para depressão, ofertando os serviços de saúde mental disponíveis na rede de atenção à saúde (RAS). Conclusões: A análise mostrou que as incapacidades causadas pela hanseníase não se restringem a aspectos dermatológicos, incluindo também comprometimentos neurológicos e sociais significativos, os quais podem ser prevenidos e manejados na APS por profissionais capacitados. As recomendações visam orientar a prática clínica, promovendo uma abordagem mais eficaz e humanizada, essencial para melhorar os resultados de saúde dos pacientes.