INTRODUÇÃO: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição crônica multifatorial caracterizada pelo aumento persistente da pressão sanguínea nas artérias, que apresenta como principais fatores de risco o histórico familiar, idade avançada, sobrepeso, obesidade, inatividade física, consumo excessivo de sal, tabagismo e estresse. Considerada um problema de saúde pública global. Nos últimos anos, nota-se um importante aumento da sua taxa de prevalência, afetando milhões de pessoas em todo o mundo e sendo ainda uma das principais causas de morbimortalidade de outras doenças cardiovasculares, como o Infarto Agudo do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral, e consequentemente o aumento da mortalidade precoce associado estas doenças (BRASIL, 2021; BRASIL 2013; MALTA, 2020). As medidas para o manejo da HAS, pelo Ministério da Saúde (MS), indicam o tratamento medicamentoso e não medicamentoso, e o sucesso destas ações depende da boa adesão do usuário a ambos. Portanto, no contexto da saúde pública, destaca-se na Atenção Primária à Saúde (APS), principalmente na Estratégia de Saúde da Família (ESF) a abordagem multidisciplinar para o desenvolvimento de atividades que visem à integralidade do cuidado ao usuário. Entre os profissionais da APS, o enfermeiro desempenha um papel fundamental na abordagem integral e no manejo adequado do paciente hipertenso, dentre as suas atribuições, a consulta de enfermagem torna-se uma ferramenta essencial para o monitoramento regular da pressão arterial, avaliação dos hábitos de vida do paciente e identificação de possíveis complicações. Além disso, os enfermeiros são responsáveis por orientar o usuário sobre a importância da adesão ao tratamento, adoção de hábitos saudáveis e realização de exames para prevenção e controle da hipertensão (BRASIL 2013). Portanto, apesar da HAS ser uma condição crônica com fisiopatologia e tratamento (medicamentoso e não medicamentoso) conhecidos, sabe-se que ainda hoje a baixa adesão a esses tratamentos resulta na falta de controle pressórico em muitos pacientes com o diagnóstico, sendo possível observar na APS o retorno do paciente com a descompensação da doença e na atenção terciária as altas taxas de internação por complicações associadas. OBJETIVO: O presente estudo tem como objetivo identificar nos principais documentos direcionados ao controle de Hipertensão Arterial, quais as medidas de adesão são instruídas durante a consulta de enfermagem voltadas ao acompanhamento de pessoas com diagnóstico de hipertensão. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada por meio da análise de protocolos de saúde que tenham como temática a hipertensão arterial sistêmica. Para coleta dos dados foram apresentados como critérios de inclusão documentos no formato de protocolos, linhas de cuidado e cadernos de atenção publicados, sem delimitação do ano de publicação, que aborda a atuação do enfermeiro e disponíveis de forma gratuita, na íntegra e online. Foram excluídos da pesquisa, qualquer documento que não tenha como objetivo orientar profissionais do serviço de saúde (artigos, anais de congresso e dissertações ou teses) e protocolos que não abordam sobre a atuação do enfermeiro no cuidado ao paciente hipertenso na rede de atenção à saúde. Após a determinação dos critérios de inclusão e exclusão, foi realizado uma busca dos protocolos sobre HAS que abordam a atuação do enfermeiro, e estes foram examinados detalhadamente para extrair informações relevantes sobre as diretrizes de diagnóstico, tratamento e manejo da hipertensão arterial realizada pelo enfermeiro. Além disso, foram realizadas análises comparativas entre os diferentes protocolos para identificar inconsistências e discrepâncias nas recomendações apresentadas. Este método permitiu uma abordagem abrangente e rigorosa na revisão dos principais protocolos disponíveis de fácil acesso na WEB, visando fornecer uma análise atualizada e fundamentada sobre as práticas de enfermagem relacionadas ao controle da hipertensão arterial na atenção básica.RESULTADOS: Os achados deste estudo destacam a importância da consulta de enfermagem no tratamento e controle da hipertensão arterial, especialmente em contextos de atenção primária à saúde. Nota-se nos documentos analisados, que todos apresentam recomendações semelhantes a serem realizadas na consulta, como uma boa anamnese, buscando compreender o estilo de vida e fatores de risco dos usuários diagnosticados com HAS, a realização do exame físico, com destaque para aferição da pressão arterial, sendo observado neste caso diferentes recomendações quanto a técnica realizada, e solicitação de exames complementares. Além das recomendações apresentadas acima, parte dos documentos analisados apresentam outras especificidades a serem realizadas na consulta de enfermagem, destaca-se a orientação e aconselhamento ao usuário sobre seus hábitos de vida, recomendações ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso e a solicitação de exames complementares para o acompanhamento. Apesar de todos os documentos apresentarem ações realizadas na consulta de enfermagem, foi possível identificar uma lacuna em ações que são construídas a partir do conhecimento da Ciência da Enfermagem, como o uso de teorias de enfermagem e desenvolvimento do processo de enfermagem, por meio das consultas, visando a melhor proporção do cuidado integral ao usuário hipertenso e a melhor aplicação do processo de enfermagem durante a consulta. Nota-se ainda que apesar de todos os protocolos vistos apresentarem a atuação do enfermeiro na assistência ao usuário hipertenso, poucos são desenvolvidos voltados apenas a consulta e atuação da enfermagem, sendo observada a necessidade de ampliação destes documentos pelas gestões municipais e estaduais em parceria com seus respectivos conselhos regionais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A abordagem multidisciplinar, que inclui o envolvimento ativo dos enfermeiros, foi identificada como um ponto que contribui significativamente para o acompanhamento e tratamento do usuário hipertenso, assim como para promoção da saúde cardiovascular e a prevenção de complicações relacionadas à hipertensão. Por outro lado, é necessário ampliar estudos voltados à adesão do tratamento na APS, visto que apesar de ser uma condição com fisiopatologia e tratamento conhecido, ainda é visto aumento de sua prevalência e de incidência de complicações associadas, gerando prejuízos ao longo da vida do usuário e aumento nos gastos com a saúde pública. Desta forma, investimentos em programas de capacitação e educação continuada para enfermeiros, assim como o desenvolvimento de documentos que abordem e ampliem ações geradas a partir do conhecimento da Ciência da Enfermagem, são essenciais para fortalecer essa abordagem e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes hipertensos. Este resumo destaca os principais aspectos da pesquisa, fornecendo uma visão geral do estudo realizado e dos resultados obtidos.