O Estado do Rio Grande do Sul (RS) foi assolado por uma catástrofe ambiental, com tempestades e chuvas intensas, causando deslizamentos, inundações, destelhamentos e alagamentos. Da mesma forma, o município de Santa Maria, localizado na região central e com uma população de 271.633 habitantes, também sofreu os efeitos desta, tendo decretado estado de calamidade pública.
Inicialmente, o planejamento e organização das ações do município concentraram-se no Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP), local que reúne representantes das forças de segurança do município (Brigada Militar, Guarda Municipal, Polícia Civil, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros), além da base da central de regulação remota do SAMU. Esta articulação foi fundamental para a tomada de decisão de modo mais célere e assertivo. O presente resumo visa discorrer sobre as estratégias utilizadas pela Secretaria de Município da Saúde neste processo.
Primeiramente, muitos serviços de saúde apresentaram avarias, precisando suspender seus atendimentos.
Houve a abertura de dois abrigos/espaço de acolhimento da Prefeitura, sendo um no Centro Desportivo Municipal (CDM) e outro no Salão Paroquial da Igreja Santa Catarina. Este abrigo, localizado no território da Estratégia de Saúde da Família Itararé, recebeu usuários da área, motivo pelo qual, a equipe desta unidade ficou referência do cuidado em saúde destes. Como a população do CDM foi mais heterogênea, o que não permitiu vincularmos a somente uma equipe, o cuidado foi prestado por servidores de diferentes serviços, além de voluntários da área da saúde (profissionais liberais e Instituições de Ensino).
O cuidado inicial foi focado nas queixas e situações agudas, posteriormente, monitoramento dos crônicos, avaliação da situação vacinal, além de encaminhamentos para os serviços de referência.
No que tange a questão da assistência farmacêutica, houve descontinuidade no abastecimento de alguns insumos, dificuldades de dispensação na Farmácia de Medicamentos Especiais (FARME). Tivemos um volume considerável de doação de medicamentos, o qual necessitou para sua organização de recebimento, armazenamento, dispensação e controle, auxílio das Instituições de Ensino.
O cuidado com a atenção psicossocial dos acolhidos foi conduzido sob orientação do serviço municipal Santa Maria Acolhe, Conselho Regional de Psicologia (CRP), SES e Secretaria de Saúde de Brumadinho. Foi ofertada escuta aos usuários, visita dos profissionais de referência dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) nos abrigos, atividades de grupo, além da promoção de Práticas Integrativas e Complementares (PICS).
Sendo assim, cabe ressaltar o suporte das Instituições de Ensino, além da estrutura logística e a presença de órgãos como o Exército Brasileiro e Aeronáutica. Ainda, a relevância de termos um Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP), o qual facilitou a comunicação entre os atores, otimizando tempo e recursos (insumos e pessoas).
No entanto, percebeu-se a necessidade de catalogar e instrumentalizar voluntários para atuarem em situações como estas. Cabe também, corroborar a centralidade do papel da APS no cuidado em saúde nos territórios, justificando a necessidade constante de investimento e ampliação de sua cobertura.