Apresentação: As Redes de Atenção à Saúde são definidas como os serviços e ações que intervêm em processos de saúde-doença pautados em diferentes densidades tecnológicas e são formuladas de forma a centralizar na Atenção Primária à Saúde a coordenação do cuidado e ordenação das redes, fornecendo um cuidado contínuo e coordenado das ações e serviços de saúde, partindo de uma população definida territorialmente. Frente a essas reflexões toma-se como objeto de estudo a coordenação como capacidade de garantir a continuidade da atenção das Redes de Atenção à Saúde O presente estudo busca responder a pergunta de pesquisa: qual a capacidade da Atenção Primária à Saúde de coordenar as Redes de Atenção à Saúde? Levanta-se como hipótese de pesquisa que a Atenção Primária à Saúde tem capacidade de coordenar as Redes de Atenção à Saúde nos municípios de Santa Maria, Santa Rosa e São Luiz Gonzaga no Estado do Rio Grande do Sul. Diante do exposto, a tese deste estudo afirma que a Atenção Primária à Saúde tem capacidade de coordenar as Redes de Atenção à Saúde nos municípios de Santa Maria, Santa Rosa e São Luiz Gonzaga no Estado do Rio Grande do Sul. Objetivo: avaliar a capacidade da Atenção Primária à Saúde em coordenar as Redes de Atenção à Saúde por profissionais de saúde dos municípios de Santa Maria, Santa Rosa e São Luiz Gonzaga no Estado do Rio Grande do Sul. Desenvolvimento do trabalho: pesquisa quantitativa com 224 profissionais dos serviços de Atenção Primária à Saúde dos municípios de Santa Maria, Santa Rosa e São Luiz Gonzaga. A coleta de dados ocorreu pela aplicação do Instrumento de avaliação da coordenação das Redes Atenção Primário à Saúde pela Atenção Primária à Saúde e a análise dos dados foi realizada através do Programa Statistical Package for the Social Science. Resultados: O perfil dos profissionis eram do sexo feminino, da categoria profissional ACS e o tempo de atuação na APS entre 6 a 15 anos. A confiabilidade do Instrumento COPAS mostrou-se satisfatória no desenvolvimento de três municípios e com diferentes portes populacionais e cobertura de APS. Todas as dimensões do Instrumento COPAS foram avaliadas como condição boa para a APS coordenar a RAS e, em sua totalidade, a capacidade da APS em coordenar as RAS foi avaliada como condição boa nos municípios. Na dimensão “População” foram melhores avaliadas os indicadores relacionados aos profissionais buscarem saber sobre as necessidades da população, da divisão em áreas e microáreas com definida, de possuir um sistema informatizado e da população estar sob os cuidados de uma equipe. Os indicadores que obtiveram as menores médias estão relacionados a não classificação das famílias de acordo com as condições sociais, ao não atendimento das demandas de internação hospitalar e ao desconhecimento desse serviço pelas equipes. Na dimensão “Atenção Primária à Saúde” os indicadores que obtiveram as melhores médias foram relacionadas a equipe ter responsabilidade pela população que está sob seus cuidados, existência do vínculo entre a equipe e os usuários e família, encaminhamentos para as especialidades pela APS, organização do serviço para prestar cuidados às mulheres e crianças conforme protocolos municipais e incentivos da APS como porta de entrada. Em relação aos indicadores que obtiveram as menores médias destacam-se a inexistência dos conselhos de bairros, não articulação com as associações de bairros e o não uso de instrumentos de abordagem familiar. Na dimensão “Sistemas de Apoio” os indicadores que obtiveram as melhores médias foram relacionadas a farmácia conter medicação definida pelo município, de realizar o armazenamento dos produtos e medicamentos, dispor de formulários e sistema informatizado da orientação quanto a indicação de exames de análises clínicas, sua coleta, fluxo e processamento dos resultados e do uso correto das medicações. Em relação aos indicadores com menores médias destacam-se o não desenvolvimento de ações para adesão ao uso das medicação pelos usuários e a não mensuração dos custos e resultados da utilização da medicação. Na dimensão “Sistemas de Logístico” os indicadores que obtiveram as melhores médias foram relacionados ao destino adequado dos resíduos (lixo), transporte de usuários para serviços especializados, laboratórios, hospitais e outros, emissão de receitas eletrônicas pelo prontuário. Os indicadores que obtiveram menores médias foram o não agendamento em atendimentos hospitalares que não são de urgência e emergência, inexistência de veículos adequados para transportar os usuários nas consultas e exames agendados, inexistência de prontuário integrado com demais serviços no município e da não existência de um cartão para identificar o usuário, família, microárea. Na dimensão “Sistemas de Governança” os indicadores que obtiveram as melhores médias foram relacionados ao planejamento das ações, considerando os problemas da população sob os cuidados das equipes, terceirização de profissionais e o pagamento dos prestadores terceirizados ser realizado através do orçamento dos municípios. Os indicadores com menores médias estão relacionados à falta de incentivos financeiros a APS, não adesão dos serviços especializados e hospital aos objetivos da APS e falta de uma política de valorização da APS pelo secretário de saúde, trabalhadores e usuários para seu uso e acesso aos demais níveis de atenção. Quando avaliado as dimensões por cidade foi possível identificar que o município de Santa Maria apresenta as menores avaliações quando comparadas aos municípios de Santa Rosa e São Luiz Gonzaga. Na correlação entre as dimensões verificou-se que “Atenção Primária à Saúde”, “Sistema Logístico” e “Sistema de Apoio” melhor contribuem para a capacidade da APS em coordenar as RAS. Quando avaliada a correlação das dimensões por município, verifica-se que o “Sistema Logístico” no município de Santa Maria foi a que não apresentou coeficiente de regressão significativo. Na análise de cluster, de correspondência, verifica-se que a capacidade da APS em coordenar a RAS está relacionada com o gênero do profissional de saúde, seguindo do tempo de atuação no serviço e a cidade em que a pesquisa foi realizada; verifica-se que as variáveis que menos se aproximaram com a capacidade da APS em coordenar a RAS está relacionada com a idade e a categoria do profissional de saúde. Considerações finais: A partir do estudo foi possível verificar que a Atenção Primária assume a coordenação do cuidado e ordenação das redes as dimensões “Atenção Primária à Saúde”, “Sistema Logístico” e “Sistema de Apoio” melhor contribuem para a avaliação da capacidade.