O vírus da imunodeficiência humana, popularmente conhecido como HIV, o agente etiológico da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), embora seja uma doença com várias pesquisas em andamento, ainda não possui cura, dispondo de uma proposta de tratamento, que auxilia na diminuição da mortalidade e aumento da sobrevida do sujeito. Contudo, existem casos, em que a pessoa com o sistema imunológico mais fraco pode se tornar suscetível a doenças oportunistas, devido diminuição das suas células de defesa. Destarte, alguns sujeitos necessitam de atendimento mais especializado, precisando de um período de internação hospitalar para realizar o tratamento. Dessa forma, o psicólogo é importante para auxiliar nos aspectos psicológicos em torno do adoecimento. Este estudo tem o objetivo de descrever a experiência do atendimento em psicologia em uma enfermaria de infectologia e as repercussões dos pacientes vivendo com HIV durante o período de internação. Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, ocorrido em um Hospital Universitário referência em infectologia, no município de Belém, Pará, de março a maio de 2024, durante a residência em psicologia em Atenção ao Paciente Crítico. Foi utilizado como técnica a observação e escuta qualificada durante os atendimentos na enfermaria do hospital. Foram realizados, em média, sete acompanhamentos a pacientes vivendo com HIV, sejam por diagnóstico recente ou abandono de tratamento. Primeiramente, era realizada a entrevista de anamnese, para identificar demandas do paciente, sendo realizado acompanhamento psicológico breve com o mesmo, no decorrer de sua hospitalização. Nesse processo, das pessoas vivendo com HIV, percebeu-se um sentimento de preocupação com a doença oportunista que os levaram para a hospitalização, tais como tuberculose, meningite, neurotoxoplasmose, entre outras, sendo elas o foco principal e engajamento nesse contexto de hospitalização. Contudo, o contexto da vivência com o HIV ou os atravessamentos desta condição de saúde acabaram não sendo abordados. Tal situação, pode ocorrer devido aos estigmas ainda existente nos dias atuais e pelo fato de que abordar tal assunto possa ser difícil. Nesta conjuntura, ressaltasse que o paciente é um ser biopsicossocial e espiritual, isto é, ele adentra no hospital com vários repertórios comportamentais diante das suas experiências de vida, e, na maioria dos casos, eles eram perpassados por um sentimento de medo em falar abertamente sobre a temática, com receio de experienciar o preconceito, seja dos próprios familiares, outros pacientes ou dos acompanhantes, preferindo abordar com intensidade sobre a doença que o fez precisar da internação. Sendo assim, a psicologia auxilia o indivíduo nos momentos de maiores angústias em relação ao adoecimento, realizando acolhimento psicológico, psicoeducação, para desmitificar algumas questões sobre o HIV, e dando suporte psicológico para enfrentar o período de hospitalização. Percebe-se, que durante o processo de internação, o medo e estigmas sobre o HIV ainda foi bastante presente. Por isso, é necessário realizar mais estratégias de educação em saúde à população, não apenas no ambiente hospitalar, mas em outros níveis de atenção à saúde, para que, assim, a comunidade possa ter acesso a informações sobre o assunto, auxiliando na redução do estigma.