O PAPEL DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO

  • Author
  • João Batista de Lima Martins Neto
  • Co-authors
  • Caroline Tertulino da Silva
  • Abstract
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    APRESENTAÇÃO

     

    O processo formativo da graduação em Serviço Social envolve diversas dimensões teorico metodologicas que contribuem para o desenvolvimento profissional do estudante graduando, esse trabalho faz parte da prática de estágio em Serviço Social, realizado junto ao Núcleo Ampliado de Saúde da Família  (NASF), no município de Natal/RN. Buscou-se realizar uma análise  sistemático e analítico, apoiados no método materialismo histórico dialético, buscando analisar criticamente o  contexto histórico, social e político das ações do Estado para serviços de promoção à saúde, através das dimensões qualitativa e quantitativa a respeito da política da saúde no país e no município, que se desenvolveu por meio de leituras, atividades e estudos  a respeito das  diversas características que o Sistema Único de Saúde brasileiro possui; além da participação em seminários e conferências, visitas domiciliares e o histórico da política de saúde da cidade do Natal., a fim de compreender a sistematização dos aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais que atravessam o desenvolvimento da atenção básica natalense. Dessa forma entendendo como se dá o processo de territorialização e qual o papel da estratégia de saúde da família nesse contexto discutido, com o objetivo de fortalecer as práticas profissionais através do auxílio dos equipamentos sociais existentes no território em que a Unidade de Saúde da Família faz parte.

     

    DESENVOLVIMENTO

     

    Foi realizado o mapeamento dos equipamentos sociais presentes na comunidade da África, localizada na região metropolitana de Natal/RN, onde foi possível construir diálogos e ações intersetoriais entre a Unidade de Saúde e com a comunidade. Para isso, foram necessário estudos acerca de diversas temáticas e o questionamento sobre o papel da estratégia de saúde da família no processo de territorialização esteve como mote para a realização deste trabalho

    Historicamente o campo da saúde no Brasil é um local de disputa dos interesses ideológicos, dividido em dois lados, um é perante a flexibilização e autonomia da gestão local e o outro são as críticas sanitaristas.

    A nível nacional podemos afirmar que, apesar das grandes mudanças propostas pela institucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS), a efetivação dos programas foi deveras limitada e marcada por muitos desafios devido a correlação de forças ideológicas influenciadas pelo projeto privatista de saúde e acumulação capitalista. Dentre os programas propostos a estruturação dos serviços em saúde, foi a que mais encontrou entraves pois ainda há prevalência do modelo assistencial com predominancia curativista e o acesso ao sistema, por muitas vezes, era através do clientelismo. Deste modo, se foi necessário, ainda na década de 90, a elaboração e adoção de estratégias institucionais para a promoção de forma a garantir que os programas sociais atingissem a população mais vulnerável.

    Surge assim, a nível nacional, em 1994, o Programa Saúde da Família (PSF) firmando-se como uma política nacional de saúde que reestrutura e reorganiza a atenção básica à saúde (AB). Formando equipes multiprofissionais, na qual são responsáveis pela promoção e atenção à saúde de famílias de uma determinada área, atuando com atividades intersetoriais, através do olhar da visão clínica ampliada, estende suas ações nos campos da saúde, do saneamento, do meio ambiente e da educação. Sendo uma ação eficaz para a consolidação dos princípios do SUS.

    O SUS, possui como um dos seus princípios a Regionalização e o compreender desta diretriz orienta a utilização de estratégias que organizem a rede de saúde, de forma descentralizada e que proponha a alocação de recursos públicos de forma eficiente, de acordo com as demandas e funções atribuídas.

    Mas, quais são os impactos da territorialização na Atenção Básica? Apesar da nomenclatura ser diretamente associada aos aspectos geográficos, é preciso compreender que os profissionais da saúde necessitam estar inseridos no contexto dos territórios. Destinando um olhar ampliado sobre esse espaço para incorporar, em seus processos de trabalhos, ações que viabilizem interlocuções entre saúde e as condições socioeconômicas, culturais e subjetivas, pois todo território possui um valor, real e simbólico, para aqueles que nele residem ou trabalham.

    Pode-se afirmar que o território apresenta, além da delimitação geográfica, os determinantes da questão social e da saúde do lugar, através do perfil populacional, índice demográfico, epidemiológico, administrativo, social e cultural preconizando o território como um espaço de construção permanente. Assim, se fomenta o paradigma da promoção da saúde, orientado por ações amplas e coletivas requerendo a intersetorialidade como concretude das práticas profissionais (SANTOS e RIGOTTO, 2010).

    De tal modo, na ocupação de um território preconiza-se pela diversidade, considerando as transformações que ocorreram no território surgem diferentes atores sociais, com diferentes interesses e forças, por isso o território acaba sendo um espaço de correlação de forças. Por isso, é correto afirmar que em todos os territórios, as pessoas vivem de maneiras diferentes, em condições diversas e a compreensão de saúde doença torna-se relativa a essas implicações.

    No Brasil, a segregação espacial provocada pela desigualdade e pelo processo de urbanização não planejado determinou que as populações em maior vulnerabilidade econômica ocupassem espaços próximos, originando-se assim as periferias das cidades brasileiras. Esses espaços, no contexto do território em saúde tornam-se áreas heterogêneas abrigando realidades completamente distintas.

                Ao que tange o contexto da promoção à saúde, os dados do território são subsídios para o planejamento, a organização e a construção da rede de cuidados. A compreensão das dinâmicas socioespaciais, por parte dos profissionais de saúde da AB permite o melhor entendimento das ações e escolhas da população assistida. Sabe-se também, que há diferentes concepções acerca do território estas implicam na construção do Projeto Terapêutico Singular e no modelo de cuidado adotado. Dessa forma, nos próximos itens apresentaremos o seguinte debate.

     

    RESULTADOS

     

    Através do fortalecimento das práticas profissionais e do auxílio dos equipamentos sociais existentes no território em que a Unidade de Saúde da Família - África faz parte,  buscou-se realizar a integração entre os profissionais de saúde e os demais sujeitos ativos da comunidade, fomentando espaços para diálogos e cooperação da Unidade e esses equipamentos inserindo a Unidade junto às pautas e ações da comunidade que perpassam o cuidado e a promoção em saúde.

                Deste modo, a proposta do trabalho, de possibilitar como se dá o processo de territorialização no contexto de promoção à saúde a partir da necessidade encontrada entre a interlocução da Unidade de Saude da Familia - África e os equipamentos sociais presentes na comunidade que a mesma está situada a fim de mapear a área inscrita e possibilitar a realização de parcerias entre a Unidade, os equipamentos e agentes sociais da região.

    No que tange a execução do projeto de trabalho proposto, destacamos que a precarização do trabalho, a ausência de insumos e o baixo incentivo para o desenvolvimento de um modelo de assistência em saúde não medicalocêntrico são grandes entraves para a execução do princípios estabelecidos na política nacional de saúde.

     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

     

    O território é um espaço de encontro com os mais diversos elementos, sejam eles naturais ou construídos pela ação humana, e exerce influência nas condições de infraestrutura além de estabelecer, por meio do convívio entre as pessoas, características de dinamicidade e mutualidade.

    Assim, este trabalho representa muito mais do que o cumprimento de requisitos acadêmicos mas materializa a interação entre teoria e prática, fundamentada nos princípios éticos, legais e formativos do Serviço Social. Entendendo que as discussões aqui apresentadas também representam uma análise crítica a respeito  do desenvolvimento da sociedade.

     

  • Keywords
  • Saúde da família, Território, Assistência
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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