APRESENTAÇÃO: Estudos realizados em comunidades indígenas têm demonstrado uma situação de maior vulnerabilidade e condições de saúde bucal mais precárias do que na população em geral. Nesse contexto também aparece a perda dentária que é mais acentuada nesses povos, o que provavelmente provoca uma grande demanda por tratamentos protéticos, gerando, dessa forma um desafio para a saúde pública e também uma grande responsabilidade para gestores na oferta de um atendimento em saúde bucal que seja adequado às necessidades dessa população.
OBJETIVO: Avaliar a existência de associação entre perda de dentes, utilização de serviços odontológicos, necessidade de prótese, características sociodemográficas e impacto dos problemas bucais na qualidade de vida na população indígena aldeada residente no município de Aracruz-ES.
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Esta é uma pesquisa de delineamento transversal na qual participaram 1.084 indígenas e não indígenas residentes nas aldeias Guarani e Tupinikin no município de Aracruz, maiores de 20 anos, que foram avaliados em relação as condições sociodemográficas utilização de serviços odontológicos, necessidade de prótese, impacto dos problemas bucais na qualidade de vida e perda dentária, utilizando o método da entrevista padronizada para que respondessem aos formulários referentes a cada questionamento. Após a entrevista foi feito exame clínico para avaliar a condição de perda dentária dos participantes.
RESULTADOS: Foi percebido que os indígenas com idade maior ou igual a 51 anos, com menos de 10 anos de estudo, que sentiram menos dor dentária e com maior impacto dos problemas bucais na qualidade de vida tiveram mais perdas dentárias. Também foi percebido que (38,1%) dessa população necessitam de prótese parcial removível (PPR) e (13,8%) necessitam de prótese total removível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Ao analisar esses resultados percebe-se que a perda dentária se associou de forma significativa com maior idade, menor escolaridade, menos dor dentária e maior impacto dos problemas bucais na qualidade de vida, demonstrando, dessa forma, um componente social muito importante e também a existência de desigualdades no acesso a serviços de saúde bucal que deixam clara a vulnerabilidade das populações indígenas representando um alerta para gestores de saúde pública. As iniquidades têm sido ampliadas devido a intervenções feitas em saúde sem um planejamento adequado, dificultando, dessa forma, a universalização e a equidade no acesso aos atendimentos. É indispensável que seja feito um planejamento adequado pelos gestores em saúde pública para, assim atuar de forma integrada e resolutiva possibilitando acessibilidade com eficiência para essa população, promovendo melhorias em saúde bucal e também na qualidade de vida dessas pessoas