O trabalho intitulado Psicologias Indígenas em Desastres: Construção de Linhas de Cuidado ao Bem-Viver de Povos Originários parte das análises experienciais de profissionais da saúde na ocasião em que, no ano de 2021, povos indígenas Pataxó, Pataxó Hãhãhãe e Tupinambá, na Bahia, foram atingidos por inundações intensas. A situação exigiu respostas imediatas das equipes locais de saúde, contando com a assessoria de especialistas em desastres e emergências. Esse estudo de caso aborda o processo de construção de linhas de cuidado ao Bem-Viver dos povos originários afetados, por meio do trabalho colaborativo entre etnias indígenas e equipes de políticas públicas de saúde. Foram analisados registros de reuniões, um curso de formação para profissionais de saúde indígena e três documentos de referência, discutindo-se desafios do cuidado ao Bem-Viver na fase de resposta pós-desastres e emergências em saúde pública, com o protagonismo das comunidades atendidas. As análises apontam que os preceitos de respeito à diversidade cultural, concepção de sujeito, assim como de territorialidade e coletividade foram observados ao longo da construção desses materiais, gerando indicativos aos trabalhadores de saúde sobre as concepções etnoculturais ampliadas acerca de tais categorias para as populações indígenas. Contudo, mostraram-se ainda incipientes as abordagens que aprofundem especificamente a saúde mental para tais populações. Avalia-se que isto se deve menos por uma falha na construção de tais estratégias e mais por uma ausência histórica dessa reflexão dentro do campo da Psicologia. Frente a estas ausências, portanto, de forma propositiva as conclusões deste estudo apresentam considerações pertinentes ao processo contextualizados de construção de linhas de cuidado ao Bem-Viver de povos originários, buscando oferecer subsídios à conformação de políticas públicas consoantes às particularidades sócio-histórico-culturais de cada etnia.